*Exclusivo – da redação do Dia a Dia Notícia
Diante do anúncio do repasse de R$ 495 milhões do Governo Federal para a Prefeitura de Manaus, divulgado na reunião do prefeito David Almeida (Avante) com o presidente Lula (PT) na última terça-feira, 12, o coletivo Pedala Manaus manifestou-se criticamente em relação à falta de investimentos na mobilidade urbana voltada para ciclistas, pedestres e usuários do transporte coletivo.
“Vai ter dinheiro, mas não vai ter obra de mobilidade urbana em Manaus”, diz o posicionamento nas redes sociais do Pedala Manaus. “O anúncio é de 495 milhões do governo federal, dinheiro que vai integralmente para obras que privilegiam motoristas e desprezam pedestres, ciclistas e usuários do transporte público”, continua.
Segundo David Almeida, doze projetos de mobilidade urbana na cidade de Manaus foram apresentados ao presidente da República. Dentre eles, quatro foram selecionados para receber financiamento federal. São eles:
– Interligação da avenida Max Teixeira com a avenida do Futuro, entre os bairros Colônia Santo Antônio e Redenção;
– Interligação da avenida Maneca Marques com a Ephigênio Salles, no bairro Parque 10 de Novembro;
– Melhoria do tráfego no viaduto entre as avenidas Constantino Nery e Darcy Vargas, no bairro Chapada;
– Obra do complexo viário da Arena da Amazônia, que dará maior fluidez no trânsito no trajeto entre o Terminal 1 até a barreira de fiscalização federal.
Para o Pedala Manaus, as obras anunciadas não contemplam a diversidade das formas de locomoção da população.
“Serão construídos apenas viadutos e isso não é mobilidade urbana, mas tão só obra eleitoral. Já um sistema que contemple e diversifique todas as formas de locomoção integrando e dando mais acesso à cidade, não teremos”, afirma a nota.
O coletivo de ciclistas analisa que as obras anunciadas por David Almeida estimulam o uso do automóvel e vão contra as discussões sobre mudanças climáticas e cidades sustentáveis, já que o setor de transporte é responsável por quase um quarto das emissões globais de gases de efeito estufa relacionadas à energia.
Em contrapartida, o estímulo da mobilidade urbana ativa, que são as formas de locomoção sem motorização, como bicicleta, skate, patins ou à pé, pode ajudar a diminuir a emissão de gases de efeito estufa. A adoção do transporte coletivo, ao invés do transporte individual, também é uma medida de combate às mudanças climáticas.
O grupo da sociedade civil lamenta que o prefeito de Manaus continue apostando no transporte individual motorizado, mesmo às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP-30), que acontecerá em Belém, e pela primeira vez, na Amazônia brasileira.
“Fica o questionamento, Manaus vai mesmo continuar a ser conhecida a cidade do século passado, que não evolui em questões de mobilidade, que só polui e agride o meio ambiente, mesmo sendo a capital do estado do Amazonas?”, finaliza a publicação do Pedala Manaus.
Segundo o prefeito, a liberação dos recursos que somam aproximadamente R$ 495 milhões terá início no primeiro semestre de 2025. Após a fase de licitação, a etapa de execução das obras deve começar no segundo semestre.