*Da Redação Dia a Dia Notícia
O inverno no hemisfério sul se iniciou nesta quarta-feira (21), e a estação neste ano será afetada pelo fenômeno El Niño, que aumenta a temperatura das águas no Oceano Pacífico e, com isso, altera o padrão de circulação da atmosfera. Conhecida como ‘verão amazônico’, a estação prevê que o fenômeno também deve diminuir o volume de chuvas na região Norte.
Somente na área mais ao norte dessa região há possibilidade de mais chuva do que o normal em locais específicos, segundo nota técnica elaborada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A temperatura deve subir mais do que o normal. Com a baixa umidade, há maior chance de incidência de queimadas e incêndios florestais, principalmente no sul da Amazônia. O Norte pode não se livrar das friagens: segundo os institutos, podem ocorrer episódios de friagem pela incursão de massas de ar frio.
Segundo meteorologistas, deve haver alteração no regime de chuvas, com menos precipitação do que a média para o período na maior parte do país.
El Niño
O El Niño voltou a ocorrer depois de três anos de La Niña. O fenômeno é caracterizado pelo aumento da temperatura das águas do Oceano Pacífico, acompanhado por uma desaceleração ou reversão de ventos alísios do leste. Essas mudanças provocam efeitos no clima de todo o planeta, afetando a pesca, a agricultura e outros setores da economia.
Os cientistas apontam que há chance de o El Niño em 2023 ser o mais intenso em 70 anos. Em maio, a temperatura do Pacífico foi a quarta maior desde 1973. Na última vez em que o El Niño ocorreu, em 2016, o mundo teve o ano mais quente já registrado.
“No El Niño, a Amazônia se torna ainda mais quente e mais seca do que ela já está por causa das mudanças climáticas, ou seja, o El Niño tem um efeito mais forte, porque está agindo em cima de uma floresta que já está modificada em termos de clima. Além disso, é um ano que a gente sabe que está com muito desmatamento, muita derrubada que não foi queimada, o que significa que vai ter muita fonte de ignição, muito fogo de desmatamento que pode escapar para dentro das florestas”, explica Erika Berenguer, pesquisadora das Universidades de Oxford e Lancaster (Reino Unido) que estuda degradação florestal, fogo e desmatamento.
Segundo ela, devido às mudanças climáticas, a Amazônia já está 1,5ºC mais quente e com períodos de seca uma semana maiores, quando comparado com os padrões na década de 1970.
A soma entre mudanças climáticas, El Niño e grande quantidade de matéria orgânica no chão da floresta tem como resultado uma Amazônia altamente inflamável.
“Como a Amazônia é muito úmida, em anos sem El Niño, quando o fogo entra no chão da floresta, na liteira, como é chamada essa camada de folhas e galhos caídos no chão, mesmo na estação seca, o fogo morre. Durante um El Niño isso não acontece, o fogo entra e se propaga e é muito difícil combater o fogo dentro da floresta amazônica”, diz.
*Com informações do portal 18 horas