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Influenciador trans fala sobre assédio nas redes sociais: ‘Nos veem como uma iguaria’

Foto: Jéssica Kian
*Da Redação Dia a Dia Notícia

Os homens trans, até pouco tempo, eram invisibilizados na sociedade quase que por completo. A mídia e as redes sociais permitiram avanços mas, por outro lado, eles passaram a ser objeto de desejo e curiosidade de alguns. O influenciador Dante Olivier, de 27 anos, diz que é corriqueiro o assédio nas redes sociais. Segundo ele, as abordagens nas redes passaram a ser diretas e incisivas e que já recebeu fotos íntimas não solicitadas em sua caixa de mensagens.

“É até comum aparecerem comentários que beiram o lugar de fetiche, mas é nas DMs que surgiram as abordagens mais inconvenientes, tem cara falando na lata […] que quando me pegar vai fazer isso, aquilo e aquilo outro comigo, muitos são bem insistentes e extremamente criativos com a descrição dos atos sexuais que querem praticar com a minha pessoa. Já recebi nudes não solicitados também… Enfim, ladeira abaixo (risos)”, disse.

O influenciador ironizou e diz não saber o que “essas pessoas esperam que eu responda”. Dante também reclamou que a sociedade naturalizou o assédio virtual como algo legal.

“Eu já estava pensando em me justificar e explicar que receber esse tipo de comentário não é bacana, que é assédio, e que mesmo que você ignore, se sente invadido porque eu não pedi pra receber esse tipo de mensagem. Com a idade e a terapia, acredito que me blindei para não me sentir mal com esse tipo de situação, mas nem todo mundo sabe lidar e é muito ruim pensar que estamos numa sociedade onde as pessoas acham que podem falar assim com as outras sem a menor licença”, completa.

Dante diz que ainda pondera mais sobre esse assunto, já o período que corpos de homens trans passaram a ser objetos de curiosidade e desejo foi junto com sua transição. Ele dissertou sobre o assunto no episódio “Esperamos que vocês não nos julguem (vcs vão)” do seu podcast Coisas Quaisqueres.

“É uma área que estou percebendo, observando e refletindo sobre, porque no início da minha transição, que foi bem nesse período onde estávamos sendo ‘descobertos pela sociedade’, muitos dos pouquíssimos homens trans que estavam sendo enaltecidos era num lugar de fetiche, de supervalorização do corpo, de interesse pelo exótico, de curiosidade… Naquela época não percebemos e acabamos absorvendo, internalizando isso. Por muito tempo achei que esses elogios eram bons, que se as pessoas me desejassem nesse lugar era algo legal e levou um tempo pra eu perceber que esse não era um lugar de afeto, mas sim, problemático”, enfatiza.

Ele acredita que existam diversos culpados por essa hiper sexualização de homens trans, um deles seria o machismo, que é enraizado na nossa sociedade. Por isso, o influenciador gostaria que esse tema fosse mais discutido e aprofundado.

“Acho que existem vários, mas são apenas teorias, observações, sentimentos. Adoraria ver esse tema sendo abordado numa pesquisa acadêmica onde a gente conseguisse desenhar e entender todo esse caminho da fetichização dos nossos corpos. Mas na minha visão leiga, temos os seguintes pontos: lugar do exótico, onde nos veem como uma ‘iguaria’ diferenciada para ser ‘provada’, um misto ‘incrível’ dos ‘dois sexos’ e esse lugar é muito ruim, porque tira da gente a humanidade”, disse.

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