A professora e jornalista Conceição Derzi morreu nesta quinta-feira (10/02) vítima de complicações respiratórias. Figura emblemática do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a docente estava aposentada desde 2018.
O falecimento foi confirmado pelo diretor da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da Ufam, professor Allan Rodrigues.
“A professora Conceição Derzi contribuiu com a Ufam por mais de 30 anos e sempre militou em defesa do ensino público de qualidade, em defesa das minorias, das mulheres, ajudou a formar várias gerações de comunicadores. Ela tem todo nosso reconhecimento. Sua contribuição foi inestimável para nossa instituição”, ressaltou o diretor.
O professor Luiz Antonio Nascimento, do Departamento de Ciências Sociais, também lamentou profundamente a partida da professora.
“Desde que a conheci foi firme em suas convicções, inclusive conhecida por se assumir como homossexual, e discutia com firmeza as questões relativas à orientação sexual. Nos deixará saudades”, afirmou Luiz Antonio.
A Faculdade de Informação e Comunicação emitiu uma nota de pesar em homenagem à professora, que lecionava desde a década de 1980.
Em nota a diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas – SJP/AM lamentou profundamente a morte da professora universitária Conceição Derzi, ocorrida nesta última quarta-feira (9), na cidade de Manaus, Amazonas, por conta de complicações da Covid-19.
Militante vigiada
Filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT) e militante ativa em defesa de causas sociais como os movimentos feminista e LGBTQIA+, Conceição Derzi teve sua trajetória vigiada ainda como estudante na então Universidade do Amazonas. Segundo seu colega professor Antonio José Vale da Costa, o Tomzé, “desde aquela época, ela já demonstrava sua indignação com os rumos da ditadura no país, sendo uma líder na criação do Centro Acadêmico de Comunicação Social, o Cucos”.
A atuação de Conceição Derzi no movimento estudantil a fez ser considerada uma “agente comunista” infiltrada na universidade, como bem lembrou nas redes sociais o historiador Leonardo Bentes.
No Twitter, Leonardo publicou registros do Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão público de espionagem da ditadura militar brasileira extinto em 1990 pelo ex-presidente Fernando Collor de Melo. Leonardo destacou a luta da professora pela legalidade e liberdade de imprensa.
Alguns registros da trajetória vigiada da jornalista Conceição Derzi através do SNI. Considerada pela ditadura como uma agente da “infiltração comunista” na Universidade do Amazonas (UA), seu legado transcendeu desde o movimento estudantil, na criação dos Centros Acadêmicos + pic.twitter.com/S5NQIZgRmC
— Leonardus (@Leonbentes) February 10, 2022
Nas redes, ex-alunos lamentaram o falecimento da docente. A informação sobre o velório não foi divulgada até a publicação desta matéria.
Derzi era um patrimônio da Ufam, muitos colegas dizendo que ela estava a frente do seu tempo, e era isso mesmo, uma pessoa diferenciada. Vai fazer muita falta!!! https://t.co/hg3mp7Rbe2
— Mauricio Reis Freire 🇧🇷 (@maufreire) February 10, 2022
Professora Derzi… uma das figuras mais interessantes e intrigantes que eu conheci na Ufam… que tristeza… que ela descanse em paz https://t.co/svIVRjEi3r
— dona do tio armênio (@luizasreis) February 10, 2022
Poucos sabem, mas quando pensei em desistir do curso de jornalismo na Ufam, a professora Derzi ouvia meus desabafos e incentivava a continuar
Um dez com louvor a uma das maiores docentes que tive o privilégio de conhecer e ser seu aluno!
Descanse em paz🌹 https://t.co/jfD8HneBXS
— luc (@lucvasconcelos) February 10, 2022
Eu lembro que foi em uma das excêntricas aulas da Derzi que eu escutei, pela primeira vez sobre – pasmem -, bissexualidade.
Nem pude falar em vida, mas ela foi uma das minhas grandes inspirações de força para as lutas que hoje são minhas.
Derzi é eterna! 🌈🖤 https://t.co/jz4sxJw0ts
— Malu Dacio (@maludacio) February 10, 2022
nossa, que notícia triste! Derzi é uma professora folclórica do Departamento de Comunicação da @UFAM_, que ajudou a formar, mesmo com seus métodos poucos ortodoxos, digamos assim, centenas de profissionais. Meus sentimentos aos familiares e amigos 😥 https://t.co/Q8niX2Wwao
— jorge_eduardo_dantas (@jeduardodantas) February 10, 2022