*Da Redação Dia a Dia Notícia
Grupos indigenistas tem defendido a indicação do ativista Beto Marubo para ocupar o futuro Ministério dos Povos Originários, prometido pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à indígenas que ocuparam Brasília nos últimos meses contra o chamado marco temporal. Marubo é membro da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) e era amigo do indigenista Bruno Pereira, morto junto do jornalista Dom Philips na região.
A defesa em torno do nome de Beto Marubo envolve o medo de enfraquecer a “bancada do cocar”, como ficou conhecido o grupo parlamentar formado por indígenas. Com 30 candidaturas nas eleições de 2022, a iniciativa conseguiu emplacar apenas duas deputadas federais: Sônia Guajajara (PSol-SP) e Célia Xakriabpa (PSol-MG). As duas fazem parte da base de apoio do futuro governo Lula e são consideradas imprescindíveis para defender os povos indígenas no Congresso Nacional.
A casa legislativa ganhou ainda mais uma deputada indígena: Sílvia Waiãpi (PL-AP). Contudo, a nova parlamentar renega o ativismo indígena e é apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado por Lula no último domingo (30/10).
Os defensores da indicação de Marubo afirmam que sua indicação para o ministério seria uma resposta imediata à criminalidade na Amazônia, relembrando as mortes de Bruno, Dom e de Masciel Pereira, indigenista morto na região do Vale do Javari em 2019.
Experiência
Além do trabalho no Vale do Javari, Beto Marubo possui longa experiência na administração pública. O ativista chefiou, em 2003, frentes de proteção étnica e ambiental no Rio Madeirinha, no estado de Rondônia, e no Javari entre 2014 e 2017. Também trabalhou na administração da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Atalaia do Norte, interior do Amazonas.
Durante a pandemia de Covid-19, se destacou pela proximidade com o ministro Luís Roberto Barroso, relator de uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) impetrada por lideranças indígenas para forçar o governo Bolsonaro a adotar medidas de proteção sanitária em comunidades isoladas. O magistrado chegou a afirmar que o Brasil estava perdendo o controle da Amazônia para o crime organizado.
esses servidores “colaboracionistas, incluindo o atual coordenador de índios isolados”, contribuíram, indiretamente, para a morte do meu amigo Bruno Pereira. Eles faziam “notas técnicas” para direção da FUNAI” para prejudicá-lo
— Beto Marubo (@BetoMarubo) November 3, 2022