*Da Redação Dia a Dia Notícia
Funcionários da Eneva S/A, empresa que atua na exploração de gás natural entre Silves e Itapiranga (a 204 a 227 quilômetros de Manaus), iniciaram uma greve, nesta semana, em protesto contra condições de trabalho que classificam como “péssimas”. Entre as principais reclamações relatadas, nesta quarta-feira (27),estão a precariedade da internet, fornecimento de energia e alimentação, além da situação dos alojamentos e refeitórios. As informações são da Revista Cenarium.
O diretor-presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Montagem e Manutenção Industrial no Amazonas (Sitramonti-AM), Marcos Soares, denunciou que a Eneva S/A restringe o acesso à internet nos alojamentos e impede filmagens nos refeitórios. Segundo ele, essas limitações dificultam que os trabalhadores mostrem a real situação enfrentada no local.
“Nós temos cerca de 5 mil trabalhadores com níveis de estresse elevados, enfrentando condições precárias de alojamento. Aquilo mais parece uma cadeia do que um local destinado aos profissionais. A situação é insuportável, tanto nos alojamentos quanto na alimentação”, afirmou Soares.
Funcionários ouvidos pela reportagem informaram que a greve começou na segunda-feira (25) e se intensificou após denúncias sobre o Alojamento 3, destinado a trabalhadores de fora da região. “A greve é por causa do alojamento. Não houve melhorias para o pessoal que vem de outras cidades. Ontem [segunda] eles pararam e hoje [terça] ninguém pôde passar”, relatou um dos funcionários.
Vídeos compartilhados pelos trabalhadores mostram profissionais uniformizados em áreas de alojamento e em pontos de ônibus que atendem a empresa. Em uma das gravações, um trabalhador afirma que “está todo mundo parado”. Em outro áudio, outro funcionário explicou que a paralisação impacta a logística da companhia: “Os caras estão em greve e não deixaram ninguém passar desde ontem. Enquanto não liberarem, não vamos seguir para Silves”, disse, referindo-se ao trajeto de Itapiranga.
Além das reclamações sobre a estrutura dos alojamentos, os grevistas apontam que a empresa teria cortado o acesso à internet, prejudicando a comunicação, e impediram representantes do sindicato de permanecer no local.
Os profissionais atuam nas obras do Complexo Termelétrico Azulão 950, em Silves, com contratação direta pela Elecnor, responsável pela construção. Conforme informações do site da Eneva, o projeto prevê investimento de R$ 5,8 bilhões para as usinas Azulão I e II, com capacidade instalada conjunta de 950 MW, que serão integradas ao Subsistema Norte do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Denúncia
A Eneva também é alvo de inquérito do Ministério Público Federal do Amazonas (MPF-AM) por suspeita de ameaçar lideranças indígenas na área do “Campo do Azulão”, entre Itapiranga e Silves, utilizada para exploração de combustíveis fósseis desde 2021.
O processo se baseia em relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) – Prelazia de Itacoatiara, entregue a órgãos federais em setembro de 2023, que aponta violação da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que garante direitos dos povos indígenas.
O documento relata perseguição e ameaças contra Jonas Mura, cacique da Aldeia Gavião Real II, atualmente protegido pelo Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos (PPDDH). Segundo a liderança indígena, as ameaças começaram em 2016, quando o grupo iniciou a busca pelo reconhecimento étnico, ainda na fase de estudos do empreendimento.
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