O fotojornalista Edmar Barros, acostumado a situações tensas durante a cobertura de temas como desmatamento, grilagem e queimadas na Amazônia, recebeu uma ameaça de morte na última semana. Na noite de segunda-feira (23), Edmar recebeu uma mensagem enviada por um número desconhecido em seu Whatsapp.
“Edmar estou lhe trazendo um recado para vc, do pessoal do 42, se vc vier meter seu rabo aqui em Lábrea para denunciar as derrubadas vc vai queimar junto na queimada, vou te dar dois dias para vc sumir aqui da região, fica dito seu vagabundo, x9 do caralho, seu relógio está contando, fique ligeiro. Vai virar churrasquinho. Recado dado”.
O motivo da ameaça teria sido uma postagem feita no Instagram do fotógrafo sobre os registros das queimadas no município de Lábrea, localizado no sul do Amazonas, a 853 km de Manaus.
Segundo Edmar, o ramal 42 é gigantesco, “com áreas clandestinas, e há quilômetros e quilômetros queimados. Fica na beira da estrada da BR-230. Grileiro é o que mais existe nesta região”.
Líder em queimadas
O munícipio de Lábrea sempre lidera o ranking de incêndios. Em junho, foram 143 km² de floresta derrubadas. De acordo com o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre janeiro e agosto deste ano foram identificados 2.129 focos de incêndio no município.
Edmar viajava a trabalho para a revista eletrônica Amazônia Latitude, a organização norueguesa Rainforest Foundation e a agência Futura Press. Ao lado do também fotojornalista Sandro Pereira, ele cobriu por dez dias mais de um ano de desmatamento em Lábrea, Manicoré, Tapauá e Humaitá.
Depois de rodar mais de 2.400 km de estradas e ramais, Edmar constatou a completa ausência e do Estado e da lei “para fiscalizar e punir os responsáveis por esses crimes ambientais. Não encontramos nem mesmo um único brigadista, bombeiros, policiais ambientais ou um soldado do Exército!”.
Assim que recebeu a ameaça, já em Manaus, o fotógrafo registrou boletim de ocorrência para que o caso fosse investigado. Também entrou em contato com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que coordena um programa de auxílio legal para jornalistas ameaçados. A instituição solicitou à Secretaria de Estado de Segurança Pública e ao governador Wilson Lima que garantam a devida investigação dos fatos, assim como a segurança de Edmar.
*Com informações de Laranjeiras News