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Fóssil de dinossauro é encontrado no interior de SP

Um fóssil, aparentemente de um Titanossauro, foi localizado a poucos centímetros da lateral de um talude, em uma obra rodoviária em Marília, no interior de São Paulo. Ele foi identificado na fase final do corte de material, que ficou interrompido por dois meses até a extração completa do exemplar de um osso de pata, de um metro, concluída semana passada.

A rotina das equipes foi completamente alterada para preservar um tesouro sepultado há milhões de anos, encontrado a uma profundidade de 10 metros da superfície nas obras de duplicação da SP-333 – Rodovia Dona Leonor Mendes de Barros, na divisa entre Marília e Júlio Mesquita, a 400 quilômetros de São Paulo.

Fóssil de dinossauro é encontrado no interior de SP
Fóssil de dinossauro é encontrado no interior de SP – Divulgação/ Entrevias/ Direitos Reservados

No momento da identificação, conforme previsto no Programa de Monitoramento e Acompanhamento Paleontológico, técnicos de engenharia e de meio ambiente da Entrevias Concessionária de Rodovias, responsável pela obra e concessão do trecho rodoviário, optaram pela suspensão imediata dos serviços no local, na etapa final do cronograma de duplicação da rodovia.

“Sabemos da importância deste material para a história e a ciência. Nossas equipes são treinadas para a observação e acionamento do corpo técnico sempre que identificada a presença de material fora dos padrões nas escavações ou na terraplanagem. Esta descoberta é motivo de comemoração para todos que estiveram envolvidos neste projeto de ampliação da ligação Marília-Júlio Mesquita”, afirma o gerente de Engenharia da Entrevias, Fábio Milano.

A Agência de Transporte do Estado de São Paulo (ARTESP), que regula a malha viária concedida no estado, diz que se compromete com a preservação de todo o material histórico e artístico que possa ser encontrado nos 11.2 mil quilômetros de rodovias paulistas em concessão. Assim, estipula em todo contrato que a concessionária observe a legislação ambiental e de preservação de patrimônios artísticos e arqueológicos e obtenha todas as licenças prévias, seja qual for a interferência a ser feita no entorno.

“Desta forma, durante as obras de melhorias nas vias, se forem encontradas peças que são, na verdade, tesouros da humanidade, sabemos que a obra será suspensa e que o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT) – nos caso de peças artísticas – e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) – quando são peças arqueológicas – serão comunicados e os achados terão o destino adequado”, explicou o superintendente da gerência de Meio Ambiente da Agência, Pedro Umberto Romanini.

Operação meticulosa 

O desafio de extrair o fóssil intacto foi assumido por paleontólogos da empresa A Lasca e do Museu de Paleontologia de Marília. Iniciada com martelo e talhadeira, a operação meticulosa de retirada da formação rochosa no entorno do fragmento evoluiu para uma ferramenta de perfuração de impacto mínimo, para evitar qualquer trinca que prejudicasse a peça. Envolvido em uma dura camada de arenito – rocha formada por areia aglutinada e cimento natural, densa como quartzo -, o fóssil custou o trabalho de quase dois meses dos profissionais.

O exemplar, ainda na forma bruta, será encaminhado para o Museu de Paleontologia de Marília, onde será limpo. Em uma análise preliminar, acredita-se tratar-se do fêmur de um dinossauro do período cretáceo, conhecido como período final da “era dos dinossauros”, ocorrida há pelo menos 65 milhões de anos.

“Acreditamos tratar-se da pata de um titanossauro. Após o salvamento e retirada da matéria do entorno teremos mais condições de estudá-lo detalhadamente”, afirma o geólogo Nilson Benuci, que conduziu as escavações para extração do fóssil.

Em 2009, na mesma região, no km 303, paleontólogos encontraram 70% do esqueleto de um titanossauro. Os fragmentos, mais de 50 peças, encontram-se na Universidade de Brasília (UnB).

“Marília, e outras cidades da região, é muito rica neste tipo de fóssil, os titanossauros”, completou o coordenador do Museu de Paleontologia de Marília, o paleontólogo William Nava. Ele informou ainda, que a peça chegou nesta terça-feira (27) no museu e que logo após a reinauguração do local, que encontra-se em reforma, a peça será exposta para os visitantes.

Duplicação da rodovia

A Entrevias executa um extenso cronograma de obras de duplicação e modernização da rodovia SP-333, entre Borborema e Florínea. A empresa avança para a reta final da duplicação de 19 quilômetros entre Marília e Júlio Mesquita e outros 64 quilômetros de rodovia estão em ampliação entre Marília, Echaporã e Assis. As obras fazem parte do Programa de Concessões de Rodovias do Estado de São Paulo.

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