O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou hoje que as mulheres “já foram mais respeitadas e mais indignadas” e “não fazem nem questão de estar” na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, conforme a reportagem do UOL.
Para ele, as mulheres se “conformam em acompanhar os trabalhos a distância”. Nenhuma senadora foi indicada pelos líderes partidários para compor a CPI da Covid dentre os 18 titulares e suplentes.
“Em primeiro lugar, acho que as mulheres já foram mais respeitadas e mais indignadas, né? Estão fora da CPI e não fazem nem questão de estar nela. Se conformam em acompanhar os trabalhos à distância”, disse Flávio Bolsonaro.
A líder do bloco Senado Independente, Eliziane Gama (Cidadania-MA), reagiu fortemente à fala de Flávio e disse que as mulheres têm “se indignado” perante assuntos políticos, incluindo a condução da pandemia pelo governo federal. Ela também anunciou que, mesmo não sendo membro da CPI, pretende acompanhar todas as reuniões.
“Quero dizer que eu, Eliziane Gama, e nenhuma das senadoras vamos admitir ironia machista em relação às mulheres. Estamos aqui, vamos participar ativamente e teremos nosso protagonismo nesta Casa”, declarou.
Flávio reclamou de ter sido acusado de machismo, a seu ver, e disse querer ver “essa energia” para a inclusão de mulheres na CPI. Eliziane argumentou que ele fez essa defesa por mulheres na comissão com ironia.
“Palanque político com caixões”
Em crítica direta à CPI, Flávio Bolsonaro também disse que vê a Comissão no Senado como um “palanque político” feito em cima dos “caixões de quase 400 mil mortes”, em referência às mais de 392 mil mortes já confirmadas pela covid-19 no país.
“Quantas vacinas esta CPI vai conseguir aplicar nos braços dos brasileiros? Qual é a vontade ou a ajuda que esta CPI vai dar nesse momento?”, questionou o senador.
O filho do presidente da República ainda criticou a escolha de Renan Calheiros (MDB-AL) como relator da CPI. Flávio disse que o parlamentar “deveria se considerar suspeito, já que possui um filho que é governador de estado [Renan Filho (MDB), governador de Alagoas]”.
“Obviamente que ele é uma pessoa que tem entendimento para estar na CPI, mas eu como sendo filho do presidente, apesar de ser senador também, tenho bom senso e não me mataria para estar nessa CPI. O senador Renan deveria fazer o mesmo”, declarou.