*Da Redação do Dia a Dia Notícia
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Amazônia) está desenvolvendo um curso inédito de capacitação profissional voltado à vigilância e ao monitoramento da exposição ao mercúrio entre populações indígenas dos estados do Amazonas, Rondônia e Mato Grosso. A formação, prevista para ser ofertada em março de 2026, será destinada a profissionais de saúde de nível superior que atuam nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) de Porto Velho e Vilhena.
A iniciativa surge como resposta à crescente preocupação com os impactos da contaminação por mercúrio em comunidades indígenas, especialmente nas regiões afetadas pela atividade garimpeira e pela poluição dos rios amazônicos. O curso tem como objetivo capacitar profissionais para identificar, monitorar e mitigar os riscos associados à exposição ao metal pesado, contribuindo para o fortalecimento das ações de vigilância em saúde indígena.
O conteúdo programático vem sendo construído coletivamente por meio de oficinas pedagógicas e reuniões técnicascoordenadas pela Fiocruz Amazônia. A mais recente dessas atividades ocorreu entre os dias 13 e 15 de outubro, em Porto Velho (RO), reunindo pesquisadores, gestores de saúde e representantes dos DSEI, que colaboraram na definição da metodologia, dos módulos formativos e das estratégias de aplicação do curso.
Segundo o pesquisador em Saúde Pública e epidemiologista da Fiocruz Amazônia, Jesem Orellana, a proposta é pioneira e tem como foco o aprimoramento da resposta do sistema de saúde às demandas específicas dos povos indígenas da região.
“Estamos construindo uma proposta inovadora, que busca não apenas qualificar profissionais, mas também fortalecer a capacidade institucional de enfrentamento aos impactos do mercúrio sobre a saúde indígena, respeitando as particularidades culturais e territoriais desses povos”, destacou Orellana.
A Fiocruz Amazônia ressalta que o projeto também integra uma estratégia mais ampla de formação e pesquisa aplicada à saúde ambiental, voltada à proteção de populações vulneráveis da Amazônia, contribuindo para a redução das desigualdades regionais e a promoção da justiça ambiental.
