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Feminismo: uma causa pela diminuição das desigualdades de gênero

Em virtude do mês da mulher e da necessidade de se refletir sobre o lugar da mulher na sociedade, proponho mais uma abordagem sobre as relações de desigualdade presentes em nossa sociedade, principalmente quando se trata da relação entre os gêneros e de sua participação na organização e construção de nossa sociedade.

A partir desta ideia se pode analisar o que fundamenta e contribui para uma ideia feminista de reivindicação de direitos iguais, de cidadania, e principalmente em relação ao processo democrático constituído no Estado Brasileiro. A ideia do presente artigo não é trazer visões extremistas, mas propor um diálogo aberto e desejoso por mais equilíbrio e mais respeito entre os gêneros em vista de uma sociedade mais justa e mais igualitária.

Dito aquele movimento que se caracteriza como reação à relação desigual e machista entre os sexos. Por sua vez compreende as manifestações de tomada de consciência das condições de inferioridade histórica da mulher e a denúncia do antifeminismo. De acordo com Villa (1997), no século XIX o feminismo era comumente considerado uma analogia patológica de uma feminização dos homens e uma masculinização da mulher (visões asseguradas pela medicina de forte acepção negativa). A mulher era tida como um estágio de humanidade não plenamente desenvolvido.

Feminismo também se denota como denúncia à opressão da mulher, na política, na família, economia, educação… este feminismo tem se consolidado ao longo de sua história como um “anseio por condições igualitárias”. Porém, pode carregar dentro de si a afirmação de superioridade em resposta à tradicional desvalorização do gênero feminino, como em uma guerra de sexos.

Sob o ponto de vista de uma análise histórica, o feminismo data da Revolução Francesa, em que era forte reivindicação o direito ao voto (1880); no pós-guerra há um desejo de igualdade na cidadania, bem como na igualdade de condições de trabalho. Neste mesmo período, nos Estados Unidos são realizadas manifestações, passeatas que trazem à luz as injustiças contra as mulheres, e já na década de 1960 ganha uma conotação a mais: a antropologia da reciprocidade, bem como da igualdade de direitos civis e de emancipação; presença de movimentos estudantis; as visões antirracistas e; denúncia de radicalismos políticos. É neste momento que o movimento feminista deixa de ser elitista e passa a ser mais difundido.

Ante Litteram haviam discursos, eventos e personalidades que “puseram o dedo na chama da opressão feminina”. Os ditos séculos XIX e XX trouxeram conquistas do movimento feminista, como serviços para crianças e organização da sociedade tornando a mulher mais livre, liberdade esta que favorecerá sua atuação mais abrangente no meio social.

O filósofo grego Aristóteles afirmou que a mulher seria um “homem imperfeito”; que passou a ser vista apenas como um receptáculo da força geradora do macho (homem). Segundo Nicola (1995), ao lançar-se uma reflexão mais sistemática, tem-se dois momentos no movimento feminista: 1) de igualdade e diferença, que preconiza entre o desejo e a importância do movimento feminista e de seus anseios. Simone de Beauvoir, consolida-se neste momento como a maior escritora feminista, fase de exaltação da igualdade; há neste momento uma revisão do conceito de cidadania, polis, Grécia – que desenvolviam uma democracia sem lugar para as mulheres. O feminismo atual passa a autolegitimação de criar uma linhagem, uma cultura, e uma ética com voz de mulher; 2) diferença que gera superioridade e hierarquia, que leva a pensar também em uma superioridade moral e ética (Adão/Eva) por sua culpa, a mulher é condenada a depender dos homens.

É importante lembrar que já na França de 1790, Olympe de Gouges liderou a Declaração dos Direitos da Mulher, em resposta à ausência, na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de uma referência clara e aberta às mulheres. O que consiste em um grito irreverente de uma massa feminina envolta em desigualdade e massacre social profundamente enraizados na sociedade ocidental, e que por sua vez consistiam em sérias condições de estratificação.

É impossível negar que a inspiração de pensadores se alastra como uma luz no túnel das desigualdades. Imagina-se desta maneira o quanto a leitura destes escritos tenham causado inquietação nas mentes e nos corpos daqueles que de direitos não usufruíram, de privilégios das classes abastadas, apenas a sobra das migalhas. O Manifesto tornou-se por sua vez, o manifesto dos menores, dos sofridos, dos sem dignidade e o que é pior, dos sem direitos. Por sua vez, também encorajou a tomada de consciência crítica do movimento feminista

Pensar o movimento feminista é pensar o ser humano, é compreender que na gama de diversidade de expressões do espírito humano cabe lugar à maneira feminina da existência desta espécie. No entanto, por inúmeros fatores, políticos, econômicos, morais, éticos e até mesmo religiosos, o que predomina em nossas sociedades é a ideia de que a mulher tem um lugar no universo humano, mas, que este lugar é sempre inferior e de menor destaque.

Do ponto de vista de uma reflexão crítica sobre política contemporânea, deverá esta agora e cada vez mais, no decorrer do curso destas bandeiras, acrescer em suas discussões a vida política e cidadã das mulheres, de sua participação em pleitos bem como a representatividade política, suas ideias e anseios, suas necessidades e demandas, outrora renegadas pelos sistemas vigentes. Hoje há ainda uma parcela mínima de mulheres na política, como bem aborda Florentino em seu artigo, “As consequências da sub-representação das mulheres na política” (2019), em que afirma “Muitas mulheres ainda têm dificuldades de ocupar cargos de poder, serem eleitas ou terem voz ativa nas tomadas de decisões políticas”. Isso acontece devido à exclusão histórica das mulheres na política e que reverbera, até hoje, no nosso cenário de baixa representatividade feminina no governo”.

São realidades que nos colocam em uma situação desigual, e consequentemente injusta e que afetam diretamente o desenvolvimento de nossa sociedade brasileira. Refletir sobre o feminismo é repensar a sociedade bem como sua organização conjuntural. Muitos caminhos já foram trilhados pela história, por movimentos sociais diversos, pela Educação e principalmente pelas Leis e pelo Direito, bem como pelos Direitos Humanos. Refletir sobre o feminismo é papel de todos, homens e mulheres, trata-se de pensar seriamente em uma temática social, profundamente ética e urgentemente e necessária.

Por Sérgio Bruno

 

É um livre pensador e professor formado em Ética e Filosofia Política, com mais de 15 anos de experiência na docência e formação de jovens e adultos. Atualmente também é professor em cursos pré-vestibulares na área de Ciências Humanas e suas tecnologias, atuando também como professor de Sociologia, Cultura Religiosa e Teologia. É apaixonado por temas como Cultura e Sociedade, Cidadania, Política, Direitos Humanos e Diálogo Inter-religioso. Adora livros, leitura e literatura e deseja convidar você para compartilhar pensamentos, ideias e reflexões diversas.

@sergioric13

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