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Fabricante de chocolates do Amazonas recebe título de Microindustrial do Ano pela Fieam

Jorge Neves vai receber o título no dia 19, em evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), que vai homenagear também o Industrial do Ano 2023, Frank Benzecry, a Empresa Exportadora de 2022, Recofarma Indústria do Amazonas e o agraciado com a Medalha do Mérito Industrial Moysés Israel, empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade .
Colagem: Marcus / Dia a Dia Notícia

*Da Redação do Dia a Dia Notícia

Da docência para o desafio empresarial de transformar recursos da Amazônia em chocolates orgânicos, sem conservantes, livres de glúten e veganos. Jorge Neves, 54, nasceu na cidade de Coimbra, em Portugal, formado pelo Centro de Formação Profissional do Setor Alimentar (CFPSA), em Tecnologia de Alimento.  Sócio-fundador da Warabu Chocolates há quatro anos, o empresário recebe no próximo dia 19 o título de Microindustrial do Ano, em solenidade promovida pela Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam) no Clube do Trabalhador.

A empresa Warabu Chocolates tem o nome derivado da linguagem indígena tupi-guarani, resultado da junção de duas palavras: Wara, que significa “origem de algo” ou “algo que vem da origem” e Bu, que significa “da terra” ou “algo que é daqui”. A ideia nasceu no final de 2018, ainda na fase dos testes laboratoriais para descobrir o comportamento do cacau de várias regiões do Brasil. Tudo em busca da melhor matéria-prima para o preparo de chocolates Bean to Bar, caracterizado pelo processo a partir da amêndoa integral do cacau até a barra de chocolate, sem segmentação de processos nem aditivos artificiais de qualquer sorte.

No período de controle de qualidade de fluxo, em 2019, Jorge conheceu a sua futura sócia, Linda Gabay, que na época ingressou na empresa como estagiária do curso de Farmácia da Universidade Federal do Amazonas. As vendas na empresa iniciaram-se apenas no ano seguinte, pouco antes do início da pandemia, o que afetou diretamente o seu crescimento, porém, como afirma Neves, “é necessário gostar muito de uma coisa para conseguir levá-la em frente”, então, por sua paixão pelo sucesso dos produtos Warabu e pelo próprio chocolate, o empresário permaneceu motivado a não desistir, apesar das adversidades financeiras do período.

Com o objetivo de elevar a marca ao nível de chocolate premium, os dois primeiros sócios, Jorge Neves e Linda Gabay, abriram em 2021 uma nova sociedade com os também sócios proprietários da Aceleradora Axcell, os empresários Átila Denys, Renato Bonadiman e Matheus Faria. A parceria nasceu após a constatação de que possuíam sonhos compartilhados.

“A Axcell entrou com capital, mas no nosso caso eles também deram apoio em todos os níveis, como o administrativo, marketing e comercial. Então nós ganhamos um suporte estratégico”, explica Neves, ressaltando que um dos maiores investimentos, desde a parceria, foi o uso de tecnologia de máquinas italianas, que conseguiram a qualidade do chocolate.

O uso de cacau nativo e selvagem, nunca antes cultivado, de espécie nativa situada na bacia Amazônica, é um dos maiores diferenciais da Warabu Chocolates, que usa em seu processo produtivo o cacau coletado por agricultores familiares de quatro comunidades do estado do Pará:  Tauaré, Angapijó, Costa da Santana e Tatuoca, além da Cooperativa Cepotx – Cooperativa Central de Produção Orgânica da Transamazônica e Xingu.

Os diversos outros insumos utilizados para contribuir com nota de sabor aos chocolates são o açaí e a manga, vindos do município de Urucará (AM); o puxuri – noz-moscada de origem amazônica, vinda de Borba (AM); o cumaru vindo de Borba (AM) e de uma comunidade indígena chamada Kayapó, na cidade Tucumã (PA), que também fornece as castanhas utilizadas nos produtos. Essa é uma parceria que surgiu graças a organização sem fins lucrativos chamada “Origens Brasil”, que investe, sobretudo, em comunidades indígenas e com quem a empresa possui um contrato anual.

No total a Warabu oferece ao público uma linha com chocolates finos de 40% a 99% de teor de cacau em nove variações de sabores, já com previsão de acréscimo de mais três em breve.  Os chocolates já estão em 34 pontos de venda em Manaus e São Paulo, capital. Cerca de cinco mil tabletes estão sendo produzidos mensalmente. Porém, segundo Jorge Neves, uma das maiores projeções da empresa é alcançar cerca de 50% do faturamento com as exportações, ainda este ano, graças às diversas certificações conquistadas, dentre elas a  Certificação orgânica para Brasil (Orgânicos do Brasil), Certificação orgânica para Estados Unidos (NOP USDA), Certificação orgânica para União Europeia (BIO) e a Certificação Vegana Internacional (Vegan).

A Warabu está localizada no Centro de Incubação e Desenvolvimento Empresarial (Cide), incubadora que tem a Fieam como mantenedora, com o objetivo de estimular a criação e o desenvolvimento de empresas inovadoras, de base tecnológica, com ênfase nos setores de biotecnologia, tecnologia da informação e eletrônica, mediante ações que contribuam para incentivar o empreendedor e o desenvolvimento socioeconômico do Estado. A Warabu Chocolates possui seis colaboradores e três estagiários dos cursos de farmácia e engenharia de alimentos, em um espaço de 150 m² e com previsão de saída do local em 2026.

O homenageado

O Microindustrial do ano de 2023, Jorge Neves, 54 anos, já foi contemplado com o mesmo prêmio em 2015, quando na época era proprietário da “Sabor de Tradição”, empresa de doces portugueses responsável por abastecer redes de supermercados e restaurantes em Manaus e São Paulo, além de realizar algumas exportações para Inglaterra. É casado com Rosevane e pai de Rafaela Neves, nove anos.

A antiga empresa foi fundada, a princípio, como uma fonte de renda extra, visto que a na época o proprietário ainda atuava como professor do SENAI de São Paulo, viajando por diversos estados do Brasil, como Alagoas, Ceará, Rio Grande do Sul, Goiás e Distrito Federal, onde dava aulas, principalmente, sobre panificação.  O empreendedorismo iniciou-se quando passou a aproveitar seus horários livres para comercializar seus doces portugueses na feira realizada aos domingos, na avenida Eduardo Ribeiro, no centro de Manaus.

Com a aumento da demanda, Jorge resolveu investir na industrialização de alguns de seus processos, abrindo sua antiga empresa também no Cide, em 2013, além de reabrir a famosa Cafeteria do Largo. A “Sabor de Tradição” foi, porém, vendida por Jorge, juntamente com a cafetaria há quatro anos, tendo em vista a ideia do empreendimento com chocolates amazônicos que viria a se tornar a atual empresa Warabu Chocolates.

*Com informações da assessoria de imprensa da Fieam 

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