Por meio de um sistema do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), o chamado LiDAR (Light Detection and Ranging), pesquisadores conseguem calcular o quanto tempo a luz demora para ir e voltar de um ponto e assim determinar a altura. Assim, podem registrar o tamanho de árvores. Foi por meio desse sistema que, no ano passado, eles conseguiram encontrar uma Dinizia excelsa (também conhecida como Angelim Vermelho) de 88 metros de altura.
Agora, a coleção desses dados encontrou algumas regiões, entre o estado do Amazonas e do Amapá, que estão repletas de árvores gigantes, com mais de 80 metros de altura. Isso porque, segundo o estudo, publicado como preprint (sem revisão de pares) no repositório bioRxiv, a área abordada ainda é muito pequena.
“A área total analisada equivale a 100 vezes a examinada em estudos de campo, mas ainda é apenas 0,18% da área da Amazônia”, explica Eric Bastos Gorgens, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, ao Ciclo Vivo.
A descoberta pode levantar questões sobre o desejo de madeireiros em derrubar regiões com essas árvores. Nesse ano, reportamos a derrubada ilegal de uma árvore de mais de 500 anos no estado de Santa Catarina. Segundo Gorgens, em entrevista ao G1, o risco é baixo:
“O risco (de queimada) é praticamente zero. A região é muito remota, distante de qualquer concentração humana, a mais próxima está a 220 quilômetros. Além disso, a árvore está numa região cercada por dois grandes afluentes do Amazonas, os rios Parú e Jari. Devido ao difícil acesso, a região não é visada por madeireiros, agropecuaristas, nem garimpeiros… Até o momento”, contou.
As condições climáticas específicas para o surgimento dessas árvores gigantes são raras, mas, segundo os pesquisadores, elas cumprem funções importantes para seus ecossistema e estão em risco por terem madeira muito resistente, de altíssima qualidade, desejada por madeireiros.
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