*Da Redação Dia a Dia Notícia
Comidas mais gordurosas, refeições fora de hora e consumo exagerado de alimentos ultraprocessados são hábitos cada vez mais comuns entre os brasileiros, mas costumam piorar nesta época do ano, devido à abundância das festas e confraternizações. O resultado é o aumento significativo de sintomas digestivos como azia, má digestão, refluxo e enjoo, que levam muita gente a recorrer a medicações sem orientação profissional.
Segundo a Federação Brasileira de Gastroenterologia, entre 12% e 20% da população urbana brasileira convive com sintomas da doença do refluxo gastroesofágico (GERD), como queimação e desconforto abdominal frequente. Já uma pesquisa do Conselho Federal de Farmácia, publicada em abril de 2024, aponta que 9 em cada 10 brasileiros afirmam já ter se automedicado, comportamento que pode agravar ainda mais o quadro quando há uso indiscriminado de medicamentos para o trato digestivo.
Especialistas alertam que o consumo exagerado de comidas pesadas sobrecarrega o sistema e leva ao aparecimento de sintomas que, se não forem corretamente identificados, podem piorar e levar ao surgimento de problemas mais graves.
Antiácidos e antieméticos exigem cautela
Entre os medicamentos mais procurados para os sintomas estão os antiácidos, usados para aliviar a acidez do estômago, e os antieméticos, indicados para náuseas e vômitos. Embora eficazes em casos pontuais, podem provocar efeitos colaterais, especialmente quando usados de forma inadequada ou sem orientação profissional, alerta a farmacêutica da rede Santo Remédio, Nayara Silva. “Eles podem causar diarreia, constipação, alterações renais e no ritmo cardíaco, principalmente em idosos, crianças e gestantes”.
A também farmacêutica Rosenara Queiroz de Souza Yoshii complementa que a escolha correta depende do tipo de sintoma apresentado. “Queimação após refeições pesadas pode ser tratada com antiácidos simples, como hidróxido de alumínio e magnésio. Já estufamento e gases pedem combinações com simeticona, por exemplo”, explica.
No caso de náuseas e enjoos, a origem do sintoma também precisa ser observada, pois pode ser algo relacionado à alimentação, ao movimento (como em viagens), ou até sinal de outra condição de saúde. Em todos os casos, o farmacêutico pode orientar sobre o melhor caminho, mas sintomas persistentes devem sempre ser avaliados por um médico.
Prevenção começa no prato
Além do uso consciente de medicamentos, a prevenção de desconfortos digestivos passa por escolhas mais equilibradas na alimentação. Evitar frituras, refrigerantes, bebidas alcoólicas em excesso e alimentos ultraprocessados são medidas simples e eficazes.
“É importante priorizar alimentos naturais e fibrosos, como frutas e verduras, que ajudam o funcionamento do intestino e reduzem a sensação de peso no estômago”, orienta Rosenara. Manter a hidratação e respeitar o tempo de digestão entre uma refeição e outra também são atitudes importantes, especialmente durante as festas.
Outro cuidado é evitar atividades físicas intensas logo após as refeições e buscar repouso se o mal-estar aparecer. Rotinas agitadas e o consumo contínuo de alimentos pesados podem piorar os sintomas, dificultando ainda mais a recuperação.
