*Da Redação Dia a Dia Notícia
O ex-chefe de operações da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Jorge Eduardo Naime, afirmou que os bolsonaristas acampados em frente ao Quartel-General do Exército nos últimos meses viviam realidade paralela e comparou o comportamento deles com os de uma seita. O militar chegou a conversar com um dos acampados, o qual afirmou ser um “extraterrestre infiltrado” e que os seres de fora da Terra iriam ajudar o Exército Brasileiro a tomar o poder.
As declarações ocorreram durante a CPI dos Atos Antidemocráticos que está ocorrendo na Câmara Legislativa do Distrito Federal nesta quinta-feira (16/3).
“O acampamento foi o centro dos atos que aconteceram no DF. Eles viviam em uma bolha ali dentro, só consumiam informações do carro de som que circulava por lá, não viam o que acontecia fora dali. Parecia uma seita. Tinha diversos idosos em situação de abandono que acharam um lugar para estar com pessoas, ter um motivo de vida”, disse o coronel.
Ele relatou também que a PMDF foi notificada sobre casos de tráfico de drogas, prostituição e estupro no acampamento, além de uma arrecadação suspeita de dinheiro por meio do PIX.
“Tínhamos conhecimento da ‘Máfia do PIX’, de lideranças que ficavam ali. Não temos nomes, mas elas ficavam no acampamento pedindo para que as pessoas fizessem PIX para manter o acampamento”, afirmou.
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Naime afirmou ainda que os comandantes do Exército dificultaram as prisões em Brasília. Preso desde o dia 7 de fevereiro no âmbito da operação Lesa Pátria, Jorge Naime ressaltou que o acampamento era o “epicentro de todos os atos” golpistas.
“O tenente que era o oficial de dia no QG queria impedir que a gente prendesse as pessoas no gramado que fica ao lado da via N1. O argumento foi que o local era uma área do Exército e que a PM não poderia atuar. Presenciei o [interventor Ricardo] Cappelli tentando entrar e o general Dutra não permitindo”, relatou, sobre a tentativa de prisão no acampamento em frente ao QG.
Eu seu depoimento, ele também disse que participou de várias reuniões antes dos atos golpistas com o Comando do Exército para a retirada do acampamento, mas que as operações eram canceladas de última hora. Naime disse que chegou a colocar 500 homens à disposição, no dia 29 de dezembro, para retirar o acampamento.
“Houve orientação expressa em dezembro para que não fosse permitida a retirada de pessoas no acampamento no Quartel General do Exército”, frisou.