Uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos em Farmacoterapia (NEF) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) aponta que o uso indiscriminado de ivermectina pode estar relacionado ao surto de escabiose, doença conhecida como sarna humana, que está ocorrendo em Pernambuco.
De acordo com o G1, até dia 24 de novembro, pelo menos 413 casos em 3 cidades foram notificados. O doença provoca lesões e coceira na pele. O surto está sendo investigado.
Em artigo publicado, os pesquisadores do Instituto de Ciências Farmacêuticas (ICF), Alfredo Oliveira-Filho e Sabrina Neves, e os estudantes Lucas Bezerra e Natália Alves, observaram os casos de resistência à ivermectina já relatados e surtos isolados, e ainda o aumento do consumo do medicamento devido à pandemia de covid-19.
“O nosso artigo lança a hipótese de que poderíamos ter problemas com surtos de escabiose resistente, por conta do uso irracional da ivermectina. O surto está configurado, pois está havendo um aumento rápido de casos de lesões de pele com coceira e outros sintomas”, explicou Sabrina Neves para o G1.
“A hipótese do artigo é que é possível que o Sarcoptes scabiei, ácaro causador da escabiose pode ter desenvolvido resistência à ivermectina. Se essa hipótese se confirma, temos um problema enorme, pois a doença poderia atingir qualquer população, e o que é pior, com dificuldade de tratamento”, avaliou.
Mais testes e o descarte de outras hipóteses serão feitos para confirmar a hipótese levantada no estudo.
“O uso irracional de medicamentos é um problema de saúde pública, porém, no caso de antibióticos, antiparasitários e antifúngicos, esse problema ganha proporções maiores. Quando utilizamos de forma irracional/incorreta medicamentos, como a ivermectina, corremos o risco de induzir a resistência do parasita ao medicamento que deveria tratar a doença causada por ele”, reforça a professora.
As pessoas afetadas sentem muita coceira principalmente durante a noite, o que gera feridas pelo corpo. A vigilância epidemiológica emitiu um alerta dos sintomas, para que os serviços de saúde notifiquem os atendimentos.
*Com informações do G1