*Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS – O escritor, professor e advogado Francisco Calheiros, de 51 anos, morreu nessa quarta-feira, 25, vítima da Covid-19. O educador foi o responsável por garantir, em uma luta acirrada na Justiça, o remédio considerado mais caro do mundo, no valor de R$ 12 milhões, para o tratamento da pequena Isadora Thury, de 2 anos. Um cortejo em direção à cidade natal de Calheiros, em Itacoatiara, estava previsto para sair nesta quinta-feira, 26, da funerária Almir Neves, em Manaus.
Por meio das redes sociais, a família informou que haveria uma carreata em direção ao município junto ao corpo. “É o último adeus ao nosso grande Calheiros. Não haverá velório. Ninguém vai sair dos carros. Não haverá aglomeração. É um cortejo fúnebre, cada um no seu carro”, esclareceu uma familiar.
Calheiros estava internado no Hospital São Lucas, no bairro Aparecida, na Zona Sul da capital, desde o dia 9 deste mês, com diagnóstico da pandemia do novo Coronavírus. Em nota oficial publicada no Facebook, o filho, Pedro Calheiros, também escritor, noticiou sobre a perda do pai.
De acordo com a nota, o quadro do professor se agravou, fazendo Calheiros ser encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da unidade, e logo depois precisar ser entubado. “Ele lutou até o final”, diz trecho da nota.
“A família Calheiros agradece a todos que estiveram conosco em oração pela vida da grande personalidade que sempre foi o famoso professor Calheiros, que há anos sempre nos encantou com o seu brilhante jeito de ensinar”, completa nota dos familiares.
O advogado deixa quatro filhos: Artur, Pedro, Helena e Thiago, além de sua mulher, Olívia Carvalho.
Membro cofundador da Academia Itacoatiarense de Letras, o educador atuou por muitos anos como professor de Língua Portuguesa, tornando-se, também, em advogado de causas criminais, direito de família, consumidor e trabalho.
Isadora Thury
Como advogado, a última causa defendida por ele foi o de Isadora Thury. Diagnosticada com Atrofia Muscular Espinhal (AME) com apenas oito meses de idade, a menina precisou mobilizar uma legião de pessoas para conseguir recursos para iniciar o tratamento da doença, garantido somente no começo deste mês, quando a criança completou dois anos, após uma luta acirrada na Justiça.
A doença genética afeta a capacidade do corpo de produzir uma proteína essencial para a sobrevivência dos neurônios motores, responsáveis pelos gestos voluntários simples do corpo, como respirar, engolir e se mover.
O tratamento em crianças, segundo médicos, precisa ser iniciado o mais cedo possível, mas para isso, é necessário ser pago o valor de R$ 12 milhões para a compra do remédio Zolgensma, fabricado por um laboratório nos Estados Unidos, e que é considerado como o mais caro do mundo.
Por meio da Justiça, a União destinou R$ 9,5 milhões para a compra do remédio, cuja quantia foi somada a outros R$ 2,5 milhões que a família de Isadora Thury conseguiu arrecadas mobilizando uma campanha de doações.
Nas redes sociais, o professor publicou, no dia 29 de setembro deste ano, uma foto com a criança, compartilhando sua felicidade ao saírem vitoriosos, em primeira instância, da ação. Confira o depoimento:
Em 3 de novembro, o advogado informou nas redes sociais a vitória da menina, ao garantir na Justiça que a União destinasse a quantia.