Search
booked.net

‘Escola de samba é macumba, gostem ou não’, diz carnavalesco Milton Cunha

Foto: Reprodução

*Da Redação Dia a Dia Notícia

Milton Cunha falou sobre a africanização do carnaval da Avenida em entrevista à jornalista Maria Fortuna durante “Conversa Vai, Conversa Vem”, videocast do jornal O Globo. Ícone do carnaval, o pesquisador da cultura brasileira, cenógrafo e comunicador refletiu sobre mudanças nos enredos ao longo da história e cravou: ‘A escola de samba nunca deixou de ser negra’. Este ano, por exemplo, a Mangueira apresenta enredo sobre povos Bantu, escravizados e trazidos para a Pequena África no Rio de Janeiro, e a Portela celebra Milton Nascimento. Apenas dois exemplos da força da negritude nessa festa.

“Macumba é como a negritude se refere ao batuque. Quando estruturada, se torna candomblé e umbanda. A escola de samba é filha do batuque, portanto, escola de samba é macumba, pronto. Gostem ou não, meu amor”, disse ele.

Ele continuou: “Os ogãs saíram dos terreiros para tocar na bateria. As baterias tocam para os orixás. A macumba é a força criadora dessa grande manifestação, dessa inteligência negra periférica.”

Em um evento pré-carnaval, Milton explicou o que ocorre no plano espiritual durante o desfile na Avenida.

“Qual a importância de 2025? O que esse modelo, que vai dar ênfase à concentração, desfile e dispersão, representa? Por que isso é relevante para o sambista, para os mais velhos? O fundamento da escola de samba é que, ao dobrar, ela é bloqueada pelo primeiro portão, e ali, naquela concentração energética de antes do desfile, começa a gira”, disse Milton.

Ele prosseguiu: “Os mais velhos dizem que ali começa o ponto, o momento de cantar para os mortos. Aqueles que criaram os sambas da história irão se manifestar ali, nesse início.”

“Quando a porta-bandeira gira sua bandeira, o vento chama o ancestral falecido. Então, essa parte inicial, esse esquenta, é uma invocação dos fundadores dos quilombos. Agora, imagine a emoção de estar ali, com a tradição da escola de samba se revelando com vida pulsante”, acrescentou.

‘Igreja, ore sem cessar’

De acordo com Milton, “a escola de samba coloca na mesa da família brasileira temas delicados, tabus e assuntos que são ignorados”.

“Ela vem, expõe tudo, e então, todos falam, o Jornal Nacional comenta, a universidade debate, as pessoas nos bares, esquinas, botecos, almoços. O Brasil não conhece a si mesmo. A escola de samba oferece esse banquete cultural: ‘Veja como somos potentes’”, destacou ele.

No último domingo (23), o pastor Edésio de Oliveira compartilhou um vídeo de Milton explicando o movimento na Avenida e convocou a Igreja a orar durante 10 dias pela nação: “Brasil, oração sem cessar”.

De acordo com pastores e líderes cristãos, a influência dessas ideologias tem gerado conflitos familiares, de identidade e até distorções das Escrituras, com pessoas utilizando elementos cristãos de maneira blasfema em blocos de rua e eventos de carnaval, gerando indignação.

Entre no nosso Grupo no WhatsApp

Antes de ir, que tal se atualizar com as notícias mais importantes do dia? Acesse o WhatsApp do Portal Dia a Dia Notícia e acompanhe o que está acontecendo no Amazonas e no mundo com apenas um clique

Você pode escolher qualquer um dos grupos, se um grupo tiver cheio, escolha outro grupo.