A apresentação de atestado de capacidade técnica falsa para concorrência de licitação no município de Itacoatiara (a 170 quilômetros de Manaus) ganhou novos contornos nesta quarta-feira, 19, durante depoimento do proprietário da empresa Prime, Rafael Garcia da Silveira, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde. O depoente afirmou ter sido vítima de um desvio de R$ 2,5 milhões feito pelo ex-sócio, Sérgio Chalub.
Por meio de apresentação de documentos, o dono da Prime negou ter qualquer envolvimento no documento falsificado anexado ao processo e disse, ainda, que era Chalub quem tinha total gerência sobre os atos administrativos, fatos recebidos com estranheza pelos membros da Comissão, diante da total autonomia dada por Rafael ao funcionário “sócio” apesar dos valores milionários em negociação com o executivo estadual.
“O senhor Rafael é dono da empresa Prime, mas também já foi da Líder. Ambas realizam serviços por processos indenizatórios, ou seja ilícitos, e faturam milhões na esfera pública, sendo selecionadas, inclusive, para prestar serviços sem qualquer histórico no mercado. Ele veio hoje à CPI após ter sido citado pelo senhor Sérgio Chalub como responsável pela apresentação de atestado falso de capacidade técnica, fato que ele negou completamente. Hoje detectamos inúmeras contradições no que ele disse e no ex-sócio alegou na última semana. Vamos seguir apuração porque hoje o proprietário veio aqui dizer que desconhecia completamente dados sobre a própria empresa. Ele disse apenas ter confiado e dado autonomia ao sócio”, explicou o presidente da CPI, deputado estadual Delegado Péricles.
Rafael Garcia apresentou durante depoimento números que seriam referentes às movimentações da Líder Serviços na época em que mantinha sociedade com Sérgio Chalub. De acordo com o depoente, milhões foram desviados das contas da empresa para a pessoal do ex-sócio.
“Eles romperam sociedade, mas o que precisamos saber de fato aqui é o porque de quem prestava apenas serviços de manutenção de impressoras ser ´promovido´ a favorito em processos indenizatórios para novas prestações de serviços sem sequer já pertencer ao mercado solicitado. O senhor Rafael nos disse hoje que isso se deve apenas à qualidade do trabalho da empresa dele, mas esse argumento não pode ser aceito tão facilmente por essa CPI. Seguiremos apurando, afinal, são milhões pagos sem devido processo licitatório e administrado por um empresário que sequer reside em Manaus”, concluiu.