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Em seis meses deste ano, o número de drogas apreendidas no Amazonas foi o dobro de 2019

A droga mais apreendida em 2020 foi a maconha do tipo Skunk (quase 400% mais cara que a maconha comum) que vem da Colômbia, abastece Manaus e daqui também é enviada para outros Estados
Foto: Mário Oliveira

*Lane Gusmão – Dia a Dia On-line

Só nos seis primeiros meses do ano já foram apreendidos 4,5 toneladas de drogas no Amazonas, desses 3,7 só no interior do Estado. O número é mais que o dobro registrado em todo o ano de 2019 pelos municípios.

Segundo dados do Sistema Integrado de Segurança Pública (Sisp), em 2019, foram apreendidos 1,5 tonelada de droga no interior do Amazonas. E esse resultado expressivo, para a polícia, foi motivado pelas operações realizadas em pontos estratégicos na rota do tráfico.

À frente do Departamento de Investigação sobre Narcóticos (Denarc), o delegado Paulo Mavignier falou ao Dia a Dia On-line de como a polícia tem atuado nesses locais.

 

“Esse resultado impactante faz parte do trabalho investigativo do Denarc, focado nos rios de principais trânsito de entorpecente (Solimões, Içá e Japurá). Nós temos focado principalmente em buscar a droga, interceptar ela no transporte pelo rio, o que tem resultado as apreensões de grande vulto, impedindo que a droga possa chegar a Manaus e abastecer as bocas de fumo. Um trabalho integrado com outros órgãos, como a Receita Federal, que tem dado apoio com o “Odin”, cão farejador, que tem ajudado a potencializar o resultado das apreensões no Estado”, disse o diretor.

 

 

Os rios, mencionados pelo diretor, Solimões, Içá e Japurá, segundo as investigações, são usados como as principais rotas do tráfico de drogas e Piratas dos Rios. No Solimões, rota que leva a tríplice fronteira, a polícia identificou como principal rota do tráfico de maconha skunk e cocaína. O Içá, que leva à fronteira do Brasil com a Colômbia, pela cidade de Santo Antônio do Içá, distrito Ipiranga com a cidade de Tarapacá, na Colômbia, usado para a rota da cocaína e pasta base. Já o Japurá, usado principalmente para a rota da maconha Skunk, via Colômbia.

A droga mais apreendida em 2020 foi a maconha do tipo Skunk (quase 400% mais cara que a maconha comum) que vem da Colômbia, abastece Manaus e daqui também é enviada para outros Estados.

As ações, que culminaram nas grandes apreensões, foram intensificadas em municípios como Amaturá, Tabatinga, Japurá, Maraaã, Tefé e Santo Antônio do Içá. Além da grande quantidade de droga, a Polícia Civil apreendeu armamentos de guerra como fuzis, lançadores de granadas, granadas e até aeronaves, 35 pessoas foram presas e outras 40 indiciadas.

Cocaína Negra

Entre as grandes apreensões de 2020, o diretor do Dernac destaca a primeira apreensão de cocaína negra no Estado. Foram 630 quilos de droga, encontrados sob duas camadas de proteção no casco de uma embarcação. As investigações apontam que o material era destinado à Europa e cinco pessoas foram presas.

“Apreendemos em uma embarcação que veio do município de Maraã, com mais de 600 quilos drogas sendo maconha skunk, pasta base de cocaína e cocaína negra (nunca tinha sido apreendida no Amazonas). Um quilo dessa droga custa no mercado de drogas cerca US$ 30 mil. Só para você ter uma ideia, a carga foi avaliada em R$ 15 milhões”.

Plantações de Maconha

Durante as ações, a polícia também encontrou plantações de maconha no interior, em municípios como Nova Olinda do Norte e Maués. Droga usada principalmente para abastecer o tráfico local e de municípios do interior. Segundo o Denarc, essa produção regional, não chega à capital. Em Manaus, a droga comercializada vem da Colômbia, que tem THC bem mais elevado e é produzido em estufa.

 

Operações na Fronteira

Com o apoio do Programa Nacional de Segurança nas fronteiras (Vigia), a polícia conseguiu montar bases operacionais no interior.

“Nós conseguimos estrangular a passagem da droga pelo Solimões, com concentração nas cidades de Coari e Tefé. A geografia de Tefé torna aquela rota ideal para atuação do narcotráfico e dos piratas por causa da afluência dos três principais rios usados na rota do tráfico”, afirmou, acrescentando ainda, que a Operação Vigia, programa do governo federal para o combate ao tráfico de fronteira, mudou a forma da polícia de atuar, com a ajuda de estrutura e logística, como a Base Arpão.

“Com a Base Arpão, além das apreensões, conseguimos coibir o tráfico nessa rota, e o Vigia, com o apoio das forças armadas, tem ajudado muito nas ações no interior. Imagina antes uma ação em município de fronteira, deslocar embarcação, equipamentos, tudo leva tempo. Com o Vigia, mandamos as equipes e lá temos acesso à embarcação, a aeronaves, à radiocomunicação, a uma estrutura que permite o bom resultado”, disse.

Diferente da capital, onde a polícia atua no combate a venda de drogas no varejo, em bocas de fumo e distribuição da carga já “pulverizada”, no interior, a polícia investiga o desconhecido, o tráfico internacional, por meio das fronteiras.

A negociação começa em País estrangeiro, onde a polícia civil não tem jurisdição, a investigação não se limita a um grupo, mas a qualquer pessoa que possa ser feita de “mula” (pessoas que fazem transporte de droga por dinheiro), e, em muitas vezes, utilizando aeronaves.

“Eles utilizam muito avião anfíbio, que pousa em qualquer parte do rio e voa baixo, para não serem identificados pelos radares. É uma modalidade complicada que a gente pretende trabalhar em parceria com as forças armadas. Os fornecedores não têm  bandeira, eles vendem pra quem paga, é campo neutro. Torna mais difícil monitorar o grupo que fica transitando, Brasil, Peru, Colômbia. Já identificamos alguns, prendemos outros. Mas o grupo muda muito”, explicou.

Para a Polícia Civil, foi intensificando as ações, atuando em parceria com outros órgãos para chegar a comunidades longínquas de difícil acesso, e as operações no interior, que foi possível aumentar em quase 150% o número de apreensões de drogas no interior do Amazonas.

“Nossas estradas são os rios e eles permitem muitas rotas. O trabalho investigativo e a parceria com outros órgãos têm possibilitado esse maior monitoramento. Seguimos investigando novas possíveis rotas, inclusive a aérea”, disse o delegado.

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