Em novo ato realizado na manhã desta quarta-feira (23), mulheres indígenas distribuíram flores para os policiais que vistoriavam a manifestação em frente à Câmara dos Deputados em Brasília. O protesto é contra a aprovação do projeto de lei 490/2007, o qual prevê alterações na demarcação de terras indígenas e do acesso a grupos isolados.
No início da manifestação os indígenas marcharam em direção ao Anexo II da Câmara e foram acompanhados pela polícia militar, enquanto os policiais legislativos faziam a segurança dos prédios.
Conforme a nota divulgada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o grupo criticou a ação da polícia na última terça-feira que dispersou a manifestação pacífica com spray de pimenta e bombas de gás.
“Lutamos com nossas rezas e cantos. Os nossos escudos são os maracás e nossa ancestralidade. O Governo recebe os ruralistas pela porta da frente e os indígenas com bomba de gás, spray de pimenta, balas de borracha, tropa de choque e ódio”, diz a Apib.
A associação também fez críticas ao presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, pois, segundo a Apib, o presidente do órgão não ouve as demandas que os povos indígenas têm manifestado. Os atos contra o PL 490/2007 já ocorrem há duas semanas em frente à Câmara dos Deputados.
“Em meio a pandemia da Covid-19, decidimos mobilizar o Levante pela Terra, em Brasília, e impedir o avanço da agenda anti-indígena do Governo Federal. Pela primeira vez na história um presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) fecha o diálogo e reprime com a polícia o movimento indígena, na capital federal”, afirma a Apib.
Em nota, a Apib afirma que as manifestações em Brasília continuarão.
“Sabemos que os ataques não irão parar e que não temos o privilégio de parar de lutar. Seguiremos na capital federal balançando nossos maracás para que o mundo inteiro saiba da importância das nossas vidas até o último indígena”.