*Da Redação Dia a Dia Notícia
A Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (Apiam) divulgou, nesta segunda-feira (30), uma nota pública em que denuncia a postura contraditória da empresa Eneva S.A. Enquanto a empresa investe como patrocinadora do Festival de Parintins, também avança com projetos de exploração de gás e petróleo em áreas indígenas no Amazonas. A Eneva é investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) por supostas ameaças à vida de lideranças na região do Campo do Azulão, entre os municípios de Silves e Itapiranga (a cerca de 226 e 118 quilômetros de Manaus).
O comunicado, assinado pelo “Povo Mura da Resistência”, reconhece a relevância da toada “Tocaia”, apresentada pelo Caprichoso, que faz referência à resistência dos Mura em tempos históricos. No entanto, os representantes destacam que a resistência do povo Mura vai além da memória: é uma realidade presente, marcada por ameaças aos seus territórios e modos de vida.
Na nota, os Mura citam especificamente empresas como a Eneva, patrocinadora do festival, e a Potássio do Brasil, ambas apontadas como atuantes em territórios indígenas sem consulta prévia, livre e informada, como determina a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
“Nossa luta não é apenas memória; ela continua hoje, com força e urgência, contra os projetos de morte que ameaçam nossos territórios”, diz o texto.
O povo Mura pede que o reconhecimento dado pelo Festival à sua história também se estenda à sua presença atual, com espaço para refletir sobre os desafios enfrentados pelas comunidades indígenas na atualidade.
A nota termina com um apelo por visibilidade, respeito e escuta:
“Nós não somos passado e folclore. Nós existimos e continuamos nas trincheiras da resistência.”