Um levantamento feito por meio do projeto MapBiomas, divulgado nesta quinta-feira (4), dia da favela, mostra que o crescimento dessas comunidades no Brasil aumentou o equivalente ao território de 11 cidades de Lisboa, capital de Portugal, que possui uma área de 100 quilômetros quadrados (km²). O estudo foi feito por meio de e imagens de satélite captadas entre 1985 e 2020.O estudo revela um dado preocupante em Manaus. Nos últimos 35 anos, o crescimento de área urbana da capital do Amazonas ocupada por favelas foi de 48%.
Ao todo, 4,66% do crescimento de áreas urbanizadas entre 1985 e 2020 têm características de ocupação informal, segundo o levantamento. Dos biomas presentes no país, a Amazônia lidera essa expansão em número percentuais, com 18,2% o aumento das ocupações desse território sendo informais.
Os estados onde esse bioma é encontrado também lideram quando o total da área é analisado.
De acordo com o estudo, no Amazonas a informalidade responde por 45% da área urbanizada, no Amapá, 22%, no Pará, 14%, e no Acre, 12,6%. Uma alta média de 2,55% ao ano, a maior de todos os biomas.
Em relação ao crescimento da área urbana ocupada por favelas, Manaus, Belém e Salvador se destacam. Nos últimos 36 anos, as duas capitais do Norte tiveram aumento dessas áreas de, respectivamente, 51% e 48%. Salvador teve crescimento de 32%.
Os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Espírito Santo e São Paulo lideram o ranking de áreas mais sujeitas a deslizamentos, por conta de terem muitos declives.
Um dos coordenadores do mapeamento de infraestrutura urbana do MapBiomas, Julio Cesar Pedrassoli, explica que o crescimento urbano no Brasil não é igualmente proporcional, e alerta para o impacto dessas mudanças, em reportagem ao Uol.
“Sabendo que parte das pessoas residentes nessas áreas podem estar sob diversos riscos sociais e físicos, se acende um alerta amarelo sobre a forma como Brasil vem se urbanizando nas últimas décadas, especialmente lembrando dos avisos constantes da ciência sobre os impactos das mudanças climáticas nas populações mais vulneráveis.”, explica.
De acordo com os pesquisadores, em relação à ocupação urbana, em geral, embora a Mata Atlântica ainda concentre mais da metade desses espaços no Brasil (54,7%), o maior crescimento registrado no período verificado ocorreu na Amazônia, Caatinga e Cerrado, todos com taxas de crescimento anual superior à média nacional: 2,5% ao ano (a.a.), 2,53% a.a. e 2,08% a.a., respectivamente.
O Cerrado foi o bioma que mais perdeu vegetação nativa para a expansão urbana. Dos mais de 388 mil hectares de vegetação nativa que foram convertidos para áreas urbanizadas ano-a-ano, 33% (127 mil hectares) estavam no Cerrado. Em segundo lugar vem a Amazônia, com quase 92 mil hectares.