O mutirão de vacinação contra a Covid-19 em Manaus atendeu mais de 141 mil pessoas, na faixa etária de 40 a 51 anos, nesse final de semana. A vacina utilizada para a aplicação da primeira dose desse grupo foi a AstraZeneca/Oxford, produzida pela Fiocruz. Com isso, algumas pessoas passaram a relatar efeitos adversos após a imunização, como dor no corpo, febre e calafrios. No entanto, especialistas afirmam que essas reações são normais e esperadas.
O deputado e farmacêutico, Marcelo Serafim (PSB), explicou em um vídeo publicado em suas redes sociais que os efeitos após a vacinação são esperados.
“É o teu sistema imunológico respondendo de forma eficiente. Portanto, ter febre, moleza, calafrio, dor no corpo e reação local, são sintomas extremamente esperados em uma vacinação como essa. Portanto fiquem tranquilos. Na segunda dose a tendência é que essas reações fiquem muito mais brandas e muito sequer terão reações na segunda dose”, diz Serafim.
Marcelo também ressalta que não há proibição sobre o consumo de bebida alcoólica após a vacinação contra a Covid-19.
“Quando a gente diz “não beba durante 15 dias após a vacina” é para tentar estimular o comportamento mais saudável da população. Agora dizer que depois da vacina você não pode tomar a sua cervejinha é um engano. Então não deixem de tomar a vacina por conta disso”.
Sintomas da AstraZeneca
Apesar da sensação desagradável, os efeitos colaterais são uma resposta imune do organismo, algo comum após a aplicação de qualquer vacina, conforme diz o professor da UFMG e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Flávio Fonseca para o site Em Tempo.
“Todas as vacinas que utilizam vírus vivos causam reações, mas estamos acostumados a vacinar grupos pequenos ou na infância com elas, e as pessoas têm a memória um pouco curta sobre isso. A vacina de febre amarela, por exemplo, dá febre e dor de cabeça, como a tríplice viral. Hoje, todo mundo virou ‘sommelier de vacina’ e quer saber a origem dela. Acho isso natural e importante em uma população bem informada, mas não pode criar pânico sem necessidade”, diz.
Além disso, segundo a pediatra Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), nem todos os vacinados vão apresentar sintomas, pois é uma reação individual.
“É uma reação natural e esperada. Faz parte da resposta inflamatória e é responsável pela dor local [onde a vacina foi aplicada], pelo mal estar, por febre, reações que nem todas as pessoas apresentam porque é uma resposta individual”, explica a pediatra para o Portal R7.
A tecnologia utilizada para fabricar a vacina da AstraZeneca é do tipo que usa o adenovírus, como detalha o professor Fonseca.
“São vírus vivos atenuados e que causam uma infecção real na pessoa vacinada. O adenovírus entra nas células, não causa a doença, mas a reação do nosso organismo a essa infecção viral é gerar febre, gerar inflamação, que são responsáveis por efeitos adversos sentidos” diz o professor.
Os efeitos são temporários e normalmente passam em poucos dias, em média duram 48h. As pessoas que possuem mais de 65 anos são os que apresentam sintomas leves e menos frequentes.
“Normalmente são limitadas a dois dias, aproximadamente 48h, e a pessoa pode apresentar febre, dor no corpo como num resfriado forte, dor de cabeça, entre os sintomas mais frequentes”, diz o professor Flávio Fonseca.
Os principais efeitos colaterais
1- Sensibilidade no local da injeção (relatada por mais de 60% dos voluntários);
2- Dor no local da injeção, dor de cabeça e fadiga (relatadas por mais de 50% dos voluntários);
3- Dor no corpo e mal-estar (relatadas por mais de 40% dos voluntários);
4- Febre e calafrios (relatados por mais de 30% dos voluntários);
5- Dor nas articulações e náusea (relatadas por mais de 20% dos voluntários).
6- A maioria das reações adversas foi de intensidade leve a moderada e normalmente resolvida poucos dias após a vacinação. As reações adversas foram mais frequentes após a primeira dose da vacina.