*Da Redação Dia a Dia Notícia
Economistas do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon-AM) debateram, em podcast ao vivo na sexta-feira (5), os resultados da Nota Técnica apresentada na última semana pela Comissão de Valorização Profissional da entidade. O estudo evidencia a crescente queda na profissão do economista, que pode afetar o futuro dos profissionais devido à baixa de registros ativos e de adimplentes.
Conforme o levantamento feito pelo Corecon-AM, no Amazonas, de 2015 para 2022 o número de registros de economistas ativos no conselho obteve redução de 16,4%, saindo de 1.864 para 1.559. Até 2025, estima-se que a quantidade de registros ativos seja de 1.337. Vale ressaltar que a profissão do economista é regulamentada pela Lei 1.411, de 1951, que prevê a obrigatoriedade de registro profissional junto ao Conselho Regional de Economia do seu devido estado.
“Daqui a dois ou três anos, quando o colega que está dentro da faculdade for se registrar, não vai ser mais pelo Corecon Amazonas, poderá ser Corecon Pará, Corecon Brasília… Então, quando a gente fala que o economista do Amazonas está em extinção é nesse sentido, porque daqui a alguns anos provavelmente você vai ser um economista registrado em outro estado. É por isso que estamos levantando esses dados, não para confrontar as universidades, mas para unir forças para mudar esse panorama. Estamos aqui não defendendo a entidade em si, mas defendendo o seu futuro profissional como economista”, alerta Marcus Evangelista.
Dos 1,5 mil economistas com registro ativo, metade dos profissionais estavam inadimplentes no Corecon-AM até o final do ano passado, ou seja, possuíam cobranças em aberto em relação às suas anuidades. Entre 2015 e 2022, o número de economistas adimplentes obteve redução de 33,6%, saindo de 1.110 para 737. O estudo da entidade aponta ainda que pedidos de cancelamento dos registros são feitos por três principais razões autodeclaradas: aposentadoria, atuação em outra profissão e desemprego permanente.
“Queremos todo mundo unido em prol da valorização profissional. Essa questão de trabalho como subemprego, não existe apenas na nossa profissão de economista, a gente vê várias matérias de advogados, engenheiros etc. mudando de profissão. Mas o economista está perdendo a sua reserva de mercado e nós temos que identificar junto com os professores, pesquisadores, o motivo dessa baixa procura do mercado de trabalho pelo economista”, afirma Judah Torres, presidente de Fiscalização.
“Já está na grade do MEC a questão da educação financeira nas escolas, existe um projeto de lei tramitando aqui na Assembleia do Amazonas sobre isso, e inclusive nós vamos convidar o parlamentar que elaborou o projeto pra estar debatendo aqui conosco. Vamos analisar como está o projeto neste momento, se não tiver a questão do economista para ministrar as aulas nós vamos sugerir esse incremento, e vamos lutar por vagas no mercado de trabalho”, ressalta Judah Torres.
Os conselheiros reforçaram que vão também sugerir as universidades que incluam em suas grades o ensino de Inteligência Artificial e linguagens de programação; também vão pedir a inclusão de disciplinas complementares que possibilitem o profissional atuar logo após conclusão do curso; solicitar ao Governo do Amazonas, por meio de ofícios, exclusividade do economistas na elaboração de estudos de competitividade na Secretaria de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), entre outras ações.
Ainda no programa, os economistas apontaram áreas ativas nas quais os profissionais podem buscar oportunidades no mercado de trabalho. São elas: lecionar educação financeira nas escolas; atuar em finanças com captação de recursos por meio dos bancos e agências de fomento como Afeam, Basa, BNDES, Finep e bancos privados; podem atuar na elaboração de leis específicas, nos ministérios, fundos públicos e privados; em projetos de desenvolvimento; em autarquias como Suframa e secretarias como Sedecti, entre outras áreas.
“O mercado de trabalho é muito amplo, quanto mais especializado você sair da academia, com certeza você vai ser um profissional disputado”, pontua Marcus Evangelista.
A ascensão de novas tecnologias afeta também as oportunidades de trabalho dos economistas. Ciência de dados e inteligência artificial são disciplinas que já estão sendo ofertadas em cursos de Economia em instituições como a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Estadual de Campinas. No Amazonas, ainda não há registros de disciplinas como essas integradas em Economia ou em Ciências Econômicas, conforme estudo assinado pelo economista Max Cohen, presidente da Comissão de Valorização Profissional do Corecon-AM.
“Apontamos aqui algumas áreas que os economistas podem atuar hoje no mercado de trabalho, porém, essas áreas podem ficar defasadas e os novos economistas podem ir para a área de finanças com inteligência artificial, essa é uma área com maior demanda no futuro, como por exemplo, usar algoritmo para trabalhar na bolsa de valores”, sugere Max Cohen.
Confira a Nota Técnica na íntegra: https://www.financas.club/