*Da Redação do Dia a Dia Notícia
Para a jornalista, Susan Monteverde Martins, o Boi-Bumbá Garantido é muito mais do que um espetáculo folclórico, é uma poderosa força ancestral, um pilar na formação da identidade amazônica e um elo vivo com as raízes do quilombo. Bisneta de Lindolfo Monteverde, o criador do Boi Garantido, Susan carrega no sangue a paixão e a “perrecheologia”, a filosofia que permeia cada batida do coração vermelho e branco.
Originária da Baixa da Xanda, Susan, que é jornalista, mestre em comunicação e doutoranda em estudos de cultura contemporânea, cresceu imersa nessa tradição. “Fui educada na perrecheologia. Fui entendendo que o Garantido é muito mais que um espetáculo. Ele é uma educação, ele é uma formação de um ser amazônico”, afirma. Para ela, a presença de Lindolfo é eterna: “Lindolfo não morreu, Lindolfo permanece vivo. Porque nós não somos o fim, nós somos o meio, o começo e o meio de novo, como já diria Nebubisco”.
Susan destaca a diversidade e a resistência como marcas do Garantido. Sua história remonta ao século XIX, quando foi criado no terreiro de um quilombo, por uma mulher visionária chamada Dona Xanda. “Se hoje o Garantido vibra através de Lindolfo, é porque teve o sangue, a vontade e a força dessa mãe de ensinar não só esse filho como a comunidade toda a brincar de boi, a gostar de cultura e a entender que essa manifestação viva nos fortalece enquanto humanos, enquanto brasilidade como a gente pode ver aqui no festival”, explica Susan, sublinhando a importância da matriarca nesse legado cultural.
O Festival de Parintins, que Susan descreve como uma “performance dramática”, vai além da competição na arena. Ela traça um paralelo com a filosofia Ubuntu, onde o objetivo não é determinar quem é melhor ou pior, mas sim “aquele que consegue agregar muito mais para a sua comunidade”. Essa perspectiva de fortalecimento comunitário, seja para o Garantido ou para o boi contrário, é o que impulsiona a energia única do festival.
Essa energia vibrante tem suas raízes nas comunidades tradicionais, nos quilombos e nos povos indígenas. “Toda essa ancestralidade a gente sente, a gente vive, e a gente percebe enquanto atividade artística uma diferença”, ressalta. O Garantido, em sua essência, é uma rica fusão cultural: “ele é um pouco Carnaval, mas é um pouco forró, ele é um pouco fandango, ele é muito a brasilidade dentro dele”.
Para Susan Monteverde Martins, sentir o Festival de Parintins é uma experiência única e transformadora. “Para sentir o festival de Parintins, você tem que vir”, convida. É um momento em que “o boi que se escolhe” te encontra, uma energia que toca e cativa. “E com certeza, a partir daí, você vai querer vir todos os anos e vai sentir esse amor que a gente sente pela nossa festa”, finaliza, convidando a todos a mergulharem na paixão que faz do Garantido um coração pulsante na cultura amazônica.
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