O governador do Amazonas, Wilson Lima, anunciou no último sábado, dia 09, durante reunião com 11 deputados estaduais da base aliada, o pagamento de um total de 100 emendas parlamentares destinadas à área da saúde na capital e no interior do Amazonas.
Conforme publicou o Dia a Dia, a reunião aconteceu dias antes da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) estar prestes a formar uma Comissão Especial responsável por elaborar o parecer sobre o pedido de impeachment do governador Wilson Lima (PSC) e do vice-governador Carlos Almeida Filho (PTB). O presidente da Assembleia Legislativa do Estado, deputado Josué Neto (PRTB) confirmou para a terça-feira, dia 12, a formação da comissão.
Para tentar se segurar, Wilson Lima autorizou o pagamento de R$ 55 milhões em emendas parlamentares, de 24 deputados, que irão beneficiar 31 municípios. Nos bastidores, deputados dizem que o objetivo é garantir ao menos nove deputados para inviabilizar o impeachment. Para a aprovação do impeachment é necessário o apoio de 16 deputados estaduais dos 24 que compõem a ALE.
Atualmente, sete pedidos de afastamento do executivo estadual foram ingressados na Aleam. Todos motivados por má gestão nos recursos estaduais e falhas na atuação do governo Wilson Lima em busca de soluções para combater a pandemia causada pelo novo coronavírus.
‘O tempo de ação também é uma omissão’
O deputado Dermilson Chagas (Podemos) disse que não foi chamado para a reunião e considera a atitude do governador como uma perseguição velada. Segundo ele, há 39 dias, o governador pediu aos 24 deputados que todas as emendas impositivas de R$ 5,2 milhões fossem direcionadas para a saúde – aquisição de suprimentos, materiais e insumos, que serão utilizados no combate à pandemia. Ele disse que destinou grande parte das suas emendas para a saúde e outra para educação.
“Só agora ele se manifestou pelo pagamento das emendas? O tempo de ação também é uma omissão. Parece que ele paga para tentar amenizar a situação dele, eu só posso entender desta forma”, argumenta, acrescentando ainda que todo deputado tem direito as suas emendas e isso “não pode ser feito como uma moeda de troca”. “Eles não podem tirar vantagem disso. Negociar o que é do deputado é inadmissível”, frisou.
Dermilson argumenta que as prefeituras receberam do governo, neste período da pandemia, recursos já carimbados, frutos de FTI e não de verbas destinadas para o combate ao novo coronavírus.
“O governo só mandou para o interior o que recebeu de doações. A ajuda financeira que foi feita aos municípios é referente à verba da FTI, que era uma parte dos 40%. Os prefeitos já estavam esperando essa verba, que é verba carimbada. Não significa que ele (Wilson) tomou as precauções, não tem efeito ao combate ao coronavírus”, afirmou.
Emenda “não é favor”
Outro parlamentar que não foi convidado para a reunião com o governador no último sábado, Wilker Barreto (Podemos) disse que vê com atraso a decisão da liberação das emendas dos parlamentares. “É estranha a situação de não se convocar todos os deputados, não se convidar, melhor dizendo, porque a emenda parlamentar não é recurso do governador. Isso não é favor não, é emenda do parlamentar”, afirmou.
Wilker disse que a liberação dos recursos precisa ser célere, uma vez que, as prefeituras estão precisando com urgência. “Com impeachment em andamento, isso não pega bem né? Tem coisas que têm que ter um certo bom senso. Em um sábado? Então, fica aqui a minha crítica pela forma e que seja célere a liberação dos recursos para as prefeituras para combater a Covid-19. Isso não é favor, estamos falando de orçamento público, dinheiro público”, finalizou.
*Atualizada nesta segunda-feira, dia 11.
