*Da Redação do Dia a Dia Notícia
O Ministério Público do Amazonas (MPAM) anunciou que irá investigar a conduta do delegado Mário Martins, plantonista do 6° Distrito Integrado de Polícia (DIP), após ele liberar Suiane Vitória, uma advogada, que havia sido flagrada com 10 kg de drogas dentro de seu carro. O incidente ocorreu na noite de quinta-feira, 21 de novembro, na rua Salomão, no bairro Colônia Terra Nova, na zona Norte de Manaus.
A abordagem policial foi realizada pela Rocam (Rondas Ostensivas Cândido Mariano), que realizava patrulhamento tático na área por volta das 19h40. Durante a ronda, os policiais receberam uma denúncia anônima informando sobre suspeitos que estariam realizando disparos de arma de fogo e traficando drogas nas imediações de um supermercado na Rua Salomão.
Ao chegarem no local, a advogada Suiane Vitória e seu marido, Janderson de Medeiros da Silva, foram abordados. Os dois estavam dentro de um carro, onde a polícia encontrou a grande quantidade de cocaína. No momento da abordagem, o casal tentou fugir, mas acabou sendo capturado pelos policiais. Durante a apreensão, além das drogas, foram encontrados no veículo dois aparelhos celulares e o carro dos suspeitos. Janderson, que já possuía antecedentes criminais relacionados ao tráfico de drogas, foi preso em flagrante, enquanto Suiane foi liberada pelo delegado Mário Martins.
A decisão do delegado de liberar a advogada gerou polêmica, principalmente após a manifestação do promotor de Justiça Armando Gurgel. Gurgel questionou a atitude do delegado, classificando-a como “duvidosa”. O promotor ressaltou que Suiane Vitória não foi presa em flagrante, sem qualquer justificativa, e que não foi apresentado um Auto de Prisão em Flagrante (APF) ao Juízo. Segundo o MPAM, essa ação não seguiu os trâmites legais que deveriam ter sido adotados.
Outro ponto controverso levantado pelo promotor foi a versão dada pela advogada, que teria alegado que estava na região para receber honorários. Segundo o documento do MPAM, a advogada teria informado que estava malhando em uma academia e, de forma repentina, decidiu pedir carona a um terceiro para ir até uma área conhecida como ponto de tráfico de drogas, onde foi surpreendida com os 10 kg de cocaína. O promotor classificou a versão de Suiane como inconsistente e colocou em dúvida as circunstâncias da viagem e do flagrante.
Além disso, o promotor de justiça também destacou que, durante o flagrante, Suiane Vitória teve direito à presença de um advogado, bem como de um representante da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Amazonas (OAB-AM). Essa situação gerou um questionamento sobre a influência externa e a possível intimidação institucional, o que pode ter comprometido a imparcialidade da ação policial. Para o MPAM, a presença de um advogado e da OAB-AM no momento do flagrante, de forma tão rápida, poderia ser vista como uma tentativa de interferir na condução da ocorrência, algo que contraria os procedimentos legais.
Diante desses elementos, o promotor Armando Gurgel determinou a abertura de investigações para apurar os atos de tráfico de drogas envolvendo Suiane Vitória e seu marido, além de abrir dois inquéritos civis: um para investigar a conduta do delegado Mário Martins, que decidiu liberar a advogada, e outro para averiguar se houve violação das prerrogativas dos advogados durante a lavratura do flagrante. O promotor indicou que o caso precisa ser examinado com cuidado, pois envolve tanto um possível crime de tráfico de drogas quanto questões relacionadas ao direito de defesa e à atuação da Polícia Civil no processo de flagrante.
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