*Da Redação Dia a Dia Notícia
Aproximadamente de 10% a 15% das mortes maternas estão relacionadas à pré-eclâmpsia e eclâmpsia, onde 99% dessas mortes acontecem em países de baixa e média renda, aponta a ginecologista obstetra Taisa Mentges, que atua na Unidade de Saúde Da Família (USF) Frei Valério, na zona Norte de Manaus.
A médica também acentua que a Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que os distúrbios hipertensivos da gestação constituem causa de morbidade grave, incapacidade e mortalidade materna e perinatal.
“Devido a esse quadro, o Ministério da Saúde, por meio do Manual de Gestação de Alto Risco 2022, recomenda a prescrição de 100 miligramas de AAS por dia, e de uma grama de carbonato de cálcio diariamente, a partir da décima segunda semana de gestação pelas mulheres que apresentam risco para pré-eclâmpsia. Essa prescrição deve ser feita exclusivamente por um profissional médico”, explicou a ginecologista obstetra.
Nesta quarta-feira (16), a suplementação de cálcio e prescrição de AAS durante o pré-natal como forma de prevenção da pré-eclâmpsia na Atenção Primária à Saúde foi o tema discutido na webconferência Diálogos na APS. Evento promovido pela Prefeitura de Manaus para atualização dos profissionais da Secretária Municipal de Saúde.
Além de Taisa Mentges, a nutricionista Lia Ferreira, chefe do Núcleo de Nutrição e Alimentação da Semsa, foi convidada para abordar o tema pela enfermeira Gerda Costa, que representa a Divisão de Atenção à Saúde da Mulher.
De acordo com Lia Ferreira, a suplementação de cálcio pode ser obtida por meio de alimentos que se consumidos de forma adequada, contribuem bastante para reduzir o risco de pré-eclâmpsia.
“A adoção de estratégias nutricionais é fundamental para potencializar a absorção dos nutrientes como consumir produtos lácteos e verduras de cor verde escura. Deixar o feijão de molho, por exemplo, ajuda a reduzir os fitatos, que dificultam a incorporação dos nutrientes dos grãos. São ações simples, que se seguidas, reduzem significativamente o risco”, pontuou a nutricionista.
Ao finalizar, a médica Taisa Mengtes reforçou a importância do envolvimento de todos os profissionais de saúde para reduzir a morbimortalidade causada pela pré-eclâmpsia.
“É importante que, ao fazer a anamnese dessa gestante, todos observem se os fatores de risco como obesidade, histórico familiar, hipertensão crônica e outros estão presentes para iniciar logo o protocolo de atendimento. Quanto mais cedo essa gestante adere à suplementação, menores os riscos de complicações para ela e para o bebê”, concluiu.
Pré-eclâmpsia e eclâmpsia
Eclâmpsia é uma doença caracterizada pela liberação, por parte do feto, de proteínas na circulação materna que provocam uma resposta imunológica da gestante, agredindo as paredes dos vasos sanguíneos e causando vasoconstrição.
A hipertensão arterial específica da gravidez recebe o nome de pré-eclâmpsia e, em geral, instala-se a partir da 20ª semana, especialmente no 3º trimestre. A pré-eclâmpsia pode evoluir para a eclâmpsia, uma forma grave da doença, que põe em risco a vida da mãe e do bebê.