*Da Redação Dia a Dia Notícia
A inclusão de cirurgiões-dentistas em ambiente hospitalar pode ajudar a salvar vidas, previne infecções na região bucal, reduz tempo de internação e pode ainda ajudar a poupar recursos públicos. Com esses argumentos, o presidente do Conselho Regional de Odontologia do Amazonas esteve na manhã desta terça-feira, 14, na Assembleia Legislativa do Amazonas para sensibilizar os deputados para a importância da presença desses profissionais dentro dos Hospitais do Estado.
Dr. Hugo Seffair foi acompanhado da Dra. Andrea Logatto, Coordenadora de Odontologia da Sociedade de Medicina Intensiva da Região Norte. A especialista em Odontologia Hospitalar explicou que já existe uma resolução da Anvisa que prevê a obrigatoriedade da assistência odontológica nos leitos de UTI, mas, na prática, essa norma não funciona como deveria.
“Fazemos esse serviço dentro dos hospitais, mas não com efetividade. Não tem a lei, não tem contratação. E, quando estamos dentro do hospital, a gente interage com a equipe multi, o que é de suma importância. (…)Porém, eles não têm a obrigação de detectar focos de infecção na cavidade bucal, porque não é a área de atuação deles”, disse.
Já tramita na casa, o Projeto de Lei nº 893/2023, de autoria do Deputado George Lins (União), que estabelece as diretrizes para implementação da odontologia hospitalar no âmbito do Estado do Amazonas.
O PL elenca as funções dos profissionais que devem, por exemplo, fazer a avaliação e diagnóstico das infecções da cavidade bucal; diagnosticar e tratar as condições bucais que possam colaborar para a manutenção ou piora de desordens sistêmicas graves, entre outros.
A inclusão de cirurgiões-dentistas pode reduzir drasticamente as chances de infecções respiratórias, por exemplo. Um estudo feito pela USP de Ribeirão Preto apontou que a redução pode chegar a 60%. De acordo com o deputado que propôs o projeto, é um trabalho de prevenção que pode ajudar a salvar vidas e ainda reduzir custos para o Estado.
“Se a gente está visando prevenção, então, a gente está promovendo, a longo prazo, economia. Porque, se a gente pensa que parte das infecções respiratórias, elas acontecem pela falta da assistência, pela falta da saúde bucal, da prevenção, e com isso, a gente tem um tempo de internação maior, se eu coloco um odontólogo e promovo a prevenção, eu diminuo a chance daquele paciente ficar mais tempo internado, então eu onero menos o Estado.”
No Brasil, 8 Estados já têm uma legislação específica para obrigar os Hospitais a terem odontólogos nas equipes de multidisciplinares. São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso e Goiás, por exemplo.
“Sabemos hoje que em setembro deste ano, o Brasil atingiu e ultrapassou o número de 400 mil cirurgiões-dentistas. Hoje, o Brasil é o maior país com cirurgiões-dentistas do mundo. Então, temos também de fazermos a melhor e a maior odontologia do mundo. E, certamente, com essa lei provada nesse Estado, nós vamos contribuir com essa melhora.”, disse o Dr. Hugo Seffair na tribuna da casa legislativa.
Atualmente, existem poucos cirurgiões-dentistas que atuam em hospitais. São menos de 20 e menos ainda atuam diretamente com a especialidade de Odontologia Hospitalar.
Nas unidades de saúde vinculadas ao Estado apenas a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCECON), a Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) e a Fundação Hospitalar e Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (FHEMOAM) dispõe desses profissionais.
Odontologia Hospitalar
Em agosto de 2023, o Conselho Federal de Odontologia passou a considerar a Odontologia Hospitalar uma especialidade dentro da profissão e a expectativa é que com a legislação aprovada, mais profissionais se interessem pela área de atuação.