O tratamento com proxalutamida faz parte de um procedimentos de pesquisa realizado no Amazonas que foi questionado pela Comissão Nacional de Ética do Conselho Nacional de Saúde (Conep), após indícios de irregularidades.
A Conep enviou um pedido à Justiça Procuradoria-Geral da República (PGR), para que investigue as condições em que a pesquisa com proxalutamida foi aplicada. De acordo com o documento, pelo menos 200 mortes foram reportadas durante o estudo.
“O hospital entrou em contato com a gente e informou que iriam testar um novo medicamento, que iria dar treinamento para a equipe, e que os pacientes iriam assinar um termo. Eles nos apresentaram como ‘remédio da Samel’, que prometia uma recuperação rápida dos pacientes. Ninguém sabia o que era, ninguém me falou que era proxalutamida. E isso não foi só comigo, aconteceu com outros pacientes também”, contou Alessandra Saar.
O pedido para realização do estudo foi realizado sob a responsabilidade do médico Flávio Cadegiani e a pesquisa com proxalutamida no Amazonas foi facilitada pela empresa Samel, com início em fevereiro deste ano. Na época, diretores da empresa divulgaram amplamente as visitas aos municípios do interior do Amazonas para apresentar a nova técnica e iniciar os estudos com pelo menos 600 voluntários de Manaus, Itacoatiara, Maués e Parintins. A pesquisa usou placebo em alguns pacientes e proxalutamida em outros, para depois comparar a eficácia entre os métodos.
Alessandra conta que a falta de informações sobre os procedimentos adotados aconteceu desde o início do tratamento até a morte de Zenite. Segundo ela, os próprios parentes da vítima faziam a administração do medicamento para a paciente.
“Os próprios acompanhantes tinham que dar o medicamento para ela. O resultado disso ninguém sabia, porque o corpo técnico que ia lá não perguntava nada, não acompanhava a evolução ou não do paciente. Nunca ninguém passou lá para coletar nada para estudo. Só chegavam lá e perguntavam se eu já tinha dado o remédio. Não acompanharam nem o fim do tratamento. Só deixamos de dar o medicamento depois que ela foi transferida para Manaus”, relembrou.
Entre os motivos para o pedido estão:
- a ausência de treinamento da equipe do estudo
- ausência de formulário de delegação do estudo
- falta de detalhes sobre a dispensação do medicamento
- inconsistências no monitoramento de dados.
*Com informações do G1