Após a jornada de melhor desempenho do Brasil nas Paralimpíadas, com cinco ouros e nove medalhas na sexta-feira (27), os atletas do país tiveram performance mais tímida, mas ainda assim conquistaram seis medalhas neste sábado (28), em quatro esportes diferentes. Nenhuma dourada.
As mulheres, que tinham duas conquistas individuais até agora, foram responsáveis por quatro delas. No atletismo, Thalita Simplício levou a prata nos 400 m da classe T11, e Julyana Cristina da Silva ficou com o bronze no lançamento do disco classe F57.
Cátia Oliveira, bronze no tênis de mesa, e Lúcia Araújo, bronze no judô, também foram ao pódio no quarto dia de Paralimpíadas. No revezamento 4 x 100 m livre misto S14 da natação, outro bronze para o time brasileiro, com a terceira medalha de Gabriel Bandeira em Tóquio. Cícero Valdiran Lins Nobre fechou o dia com o bronze no lançamento do dardo classe F57.
O Brasil soma 23 medalhas em Tóquio: 6 ouros, 5 pratas e 12 bronzes, na oitava posição do quadro geral.
Atletismo
No atletismo, Thalita Simplício, 24, conquistou a medalha de prata nos 400 m da classe T11 (atletas cegos) ainda na noite de sexta. Ao lado do guia Felipe Veloso, ela fez o seu melhor tempo da carreira, terminando a prova em 56s80. A medalha de ouro foi para a chinesa Cuiqing Liu, que definiu um novo recorde paralímpico com 56s25.
Segundo a brasileira, campeã mundial na prova em 2019, o calor de quase meio-dia no verão japonês não atrapalhou o desempenho da dupla. Thalita já tinha uma medalha de prata obtida no Rio em 2016.
Julyana Cristina da Silva, 25, foi bronze no lançamento do disco classe F57 (atletas que competem sentados por comprometimento dos membros inferiores), com uma marca de 30,49 m, alcançada na sua terceira tentativa. O ouro foi para Mokhigul Khamdamova, do Uzbequistão, com 31,46 m.
A carioca Julyana, amputada de perna esquerda, começou no esporte paralímpico na natação, em 2008, e migrou para as provas de campo do atletismo em 2012.
O paraibano Cícero Valdiran Nobre, 29, chegou a bater o recorde dos Jogos Paralímpicos, mas acabou com o bronze no lançamento do dardo classe F57. O brasileiro lançou o dardo a 48,93 m e parecia absoluto na prova. Mas aí vieram os dois últimos lançadores. Primeiro, o iraniano Amanolah Papi, que bateu o recorde mundial logo em seu segundo lançamento: 49,50 m. A marca anterior, de 49,26 m, pertencia a Cícero. No quarto lançamento, Papi voltou a bater o recorde mundial, dessa vez com 49,56 m.
O último a lançar foi Hamed Heidari, do Azerbaijão. Na quinta tentativa, lançou a 51,42 m, novo recorde mundial de forma surpreendente.
“Tinha conversado ontem que estamos nas Paralimpíadas. Aqui só vêm os melhores. Bola para frente”, afirmou Cícero, em entrevista ao SporTV. “Chegar com o recorde mundial nas Paralimpíadas não significa nada. Tem que trabalhar duro e dar o melhor sempre. “A gente vai buscar esse recorde mundial em Paris. Se Deus quiser, ele sai”, acrescentou.
Natação
O Brasil conquistou a medalha de bronze no revezamento 4 x 100 m livre misto classe S14 (deficiência intelectual).
O time formado por Gabriel Bandeira, Ana Karolina Soares, Débora Carneiro e Felipe Vila Realfez o tempo de 3min51s23 e terminou em terceiro após a desclassificação da equipe do Comitê Paralímpico Russo, que havia completado a prova cerca de três segundos na frente.
O título foi da Grã-Bretanha, com recorde mundial de 3min40s63, e a prata ficou com a Austrália (3min46s38).
Gabriel Bandeira abriu a prova na primeira posição, vencendo o duelo particular com seu grande rival em Tóquio, o britânico Reece Dunn, e ainda quebrou o recorde mundial individual, com 51s11.
Foi a terceira medalha dele em Tóquio, após o ouro nos 100 m borboleta e a prata nos 200 m livre. Ele ainda disputará os 100 m peito, os 100 m costas e os 200 m medley.
Tênis de mesa
Cátia Oliveira, 30, foi derrotada pela sul-coreana Su Yeon Seo por 3 a 1 e ficou de fora da final do tênis de mesa, classes 1-2. Por ter chegado à penúltima etapa da competição, ela levou uma inédita medalha de bronze na carreira, a sexta do país na história do esporte nos Jogos (duas pratas e quatro bronzes).
A atleta, que jogava futebol até 2007, quando sofreu um acidente de carro que a deixou tetraplégica, conheceu o tênis de mesa a convite de uma amiga. A paulista de Cerqueira César já tinha medalhas pan-americanas e em campeonatos mundiais. O bronze em Tóquio foi sua primeira conquista em Jogos Paralímpicos.
Bruna Alexandre, 26, garantiu pelo menos a prata na classe 10 (atletas andantes). A atleta venceu de virada Shiau Wen Tien, do Taiwan, por 3 a 1.