*Da Redação Dia a Dia Notícia
Na primeira noite do Festival Folclórico de Parintins 2025, o Boi Garantido levou à arena um emocionante tributo à luta e resistência de Eunice Paiva, viúva do deputado Rubens Paiva, morto pela ditadura militar em 1971. Com ousadia e sensibilidade, o amo do boi, João Paulo Faria, conduziu a homenagem que destacou a força de Eunice diante da repressão e das marcas deixadas pelo regime.
A trajetória marcada pela dor e pela repressão vivida pela família Paiva foi retratada no filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles. A produção, que traz Fernanda Torres no papel de Eunice Paiva, expõe um dos capítulos mais sombrios da ditadura militar e conquistou o Oscar de Melhor Filme Internacional.
“ Hoje eu conto essa história
Forjada em perda e dor
Coragem e resistência
Em um passado opressor
Pra manter viva a memória
De Rubens, o seu amor
Relembro Eunice Paiva
Quantas batalhas travou
E até o fim da sua vida
Por este país lutou”
Os versos tocaram fundo e reabriram feridas na memória de quem conhece a história. Mas a emoção foi além: o amo do boi levou à arena Francisco Paiva Avelino, neto de Rubens e Eunice Paiva. Ele desembarcou em Parintins por volta das 19h15 e, poucas horas depois, às 22h, já estava na arena, onde agradeceu ao versador pela homenagem.
“Nas terras do Mato Grosso
Povo Zoró dizimado
Foi ano de oitenta e seis
Que Eunice teve contato
E disse “os seus direitos não podem
Jamais ser negociados”
Por causa do parecer
Por ela, elaborado
O território Zoró
Pra sempre foi demarcado”, cantou João Paulo recriando um
outro momento da luta de Eunice, que foi estudar direito para defender a democracia e os direitos civis.
O Chico Paiva é o neto mais velho do ex-deputado Rubens Paiva e de Eunice. É filho de Vera, que no início do filme vai para Londres. JP encerrou a homenagem de forma mais eloquente.
“E hoje o Boi Garantido
Orgulha-se em referir
A história dessa guerreira
Pra sempre vamos ouvir
Por sua memória eu afirmo
Eunice, eu não esqueci
Em uma só voz dizemos
Ainda estou aqui”.
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