*Da Revista Cenarium
O anúncio do pagamento do auxílio emergencial causou um misto de emoções entre os autônomos amazonenses. Enquanto para alguns, a ajuda federal foi a “salvação” encontrada para superar às dificuldades econômicas, decorrentes pandemia de Covid-19, para outros, a demora na aprovação ou a negativa do pedido só gerou frustração e desalento.
Mesmo dentro dos critérios exigidos pelo Governo Federal, vários solicitantes relataram dificuldades para terem seus pedidos analisados e aprovados pelo sistema, entre eles a autônoma Taane Pinhais. Na residência onde vive, todos os moradores trabalham informalmente e solicitaram o benefício.
“No início estávamos confiantes de que iríamos receber conforme as datas divulgadas pelo Governo Federal, afinal de contas, encaixávamos em todos os pré-requisitos. Mas quando saiu a primeira parcela das pessoas aprovadas e o nosso não, ficamos frustrados”, desabafa.
Após perder a renda e ficar sem previsão dos pagamentos, Taane afirma que o sentimento de desespero e abandono tomou conta de seus familiares. “Meus pais olhavam todos os dias o aplicativo do auxílio, para ver se a solicitação era aprovada, mas sempre estava em análise. Começamos a ficar tristes porque realmente estávamos precisando e víamos outras pessoas sendo aprovadas, sendo que não precisavam como nós“, lamentou.
A autônoma descreve alternativas empreendidas para manter o sustento da família, que teve o auxílio aprovado três meses depois da primeira solicitação, ainda em abril.
“O desespero nos moveu. Precisávamos fazer algo para nos manter e pagar as contas. Começamos a vender picolé, máscaras, mini pizza e doces. Graças a Deus, na última semana, minha irmã viu que o nosso pedido de auxílio foi aprovado. Ficamos felizes porque só com as vendas não estávamos conseguindo pagar as contas e comprar comida”, informou Taane.
Auxílio efetivo
Com mais de 10 anos trabalhando no ramo da confeitaria, a autônoma Lígia Solange, está vivenciando uma experiência inédita durante a pandemia de Covid-19. Devido às medidas implementadas para combater o crescimento rápido no número de infectados pelo novo Coronavírus, muitos eventos comemorativos ou empresariais foram adiados ou cancelados, fato que, praticamente, ‘zerou’ o seu trabalho.
“Nunca tinha passado uma semana sem ter recebido encomendas. Mesmo em um período ruim, sempre tinha que preparar pelo menos dois bolos para aniversários ou casamentos. Com à pandemia, os clientes cancelaram os contratos e tive que devolver o pagamento. Levei prejuízo porque já havia comprado os ingredientes. Esse período tem sido difícil para todos que vivem da confeitaria”, informou Lígia.
Para a autônoma, que mora com o marido e uma filha de quatro anos, o auxílio emergencial foi essencial para superar esse período de incertezas e dificuldades econômicas.
“No meu caso, o auxilio fez toda diferença. Foi muito importante porque realmente veio para ajudar e suprir as necessidades. Esse período tem sido muito difícil e foi horrível para os meus negócios. Não tinha como trabalhar se todos estavam economizando e cancelado as festas. Espero que possamos sair disso com mais forças”, concluiu.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), a parcela de maio do benefício injetou mais de R$ 600 milhões na economia do Amazonas, sendo R$ 496 milhões para famílias com renda domiciliar mais baixa. Os dados apontam que em termos populacionais, 62,6% dos 4 milhões de habitantes do Estado, residem em domicílios onde pelo menos um morador recebeu o benefício.
Dados oficiais
Nesta sexta-feira, 3, último dia para solicitar o benefício, a Caixa informou que 1,9 milhão de brasileiros ainda estão com o pedido em análise.
Desde 7 de abril, quando começou o cadastramento para o auxílio emergencial, a Caixa recebeu 108,9 milhões de pedidos por meio do aplicativo Caixa Auxílio Emergencial ou do site auxilio.caixa.gov.br. Desse total, 107,7 milhões foram processados, dos quais 65,2 milhões foram considerados elegíveis para receberem o benefício e 42,5 milhões tiveram o pedido rejeitado.
Em três meses de funcionamento, o auxílio emergencial pagou R$ 112,5 bilhões a 64,9 milhões de brasileiros.