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Com mais de 40 anos de carreira, escritora trans do AM, Márcia Antonelli vende seus livretos no centro histórico de Manaus

A escritora publica pequenos livretos independentes pelo selo Coleção de Rua, cujas obras são vendidas em bares e logradouros públicos. 

*Audrey Bezerra – Da Redação do Dia a Dia Notícia 

Formada em Letras pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Márcia Antonelli, 50 anos, é a primeira escritora trans do Amazonas. Com mais de 40 anos de carreira, a autora vende seus livretos nas proximidades do centro histórico de Manaus.

Pautada pela representatividade da cultura alternativa, Márcia é autora de obras como “As transgressões sexuais de Berta”, “Doze Contos Amazônicos”, “A Fuga”, “Textículos de Gatos” e “O Desentupidor de Fossas”. Ela já publicou cinco livros e já escreveu mais de 40 livretos.

Em entrevista ao Dia a Dia Notícia, Márcia conta que, em em uma noite, costuma vender aproximadamente dez livretos. A escritora conta que já sofreu preconceitos ao longo da sua carreira. “No começo, eu sofri preconceito, mas eu não vou chamar bem de preconceito, eu não, eu vou chamar de curiosidade. As pessoas têm uma certa curiosidade ao ver uma pessoa trans vendendo seus livros de forma independente”, considera.

Além de escritora, ela também foi editora e colaboradora da revista underground “Sirrose” (2001 a 2011) e colaboradora da “Antologia Bar do Escritor” (2013).

Ao Dia a Dia Notícia, a escritora Márcia Antonelli revela que, apesar das dificuldades, não pensa em parar de escrever e que vem sobrevivendo vendendo suas obras, que chegam a R$10, pelas ruas e logradouros públicos, inclusive para turistas. Um de seus contos, ‘O Desentupidor de Fossas’, foi adaptado para o cinema recentemente.

“Quando o conto foi adaptado ficou com o nome de Desentupidor e fala um pouco do mergulho nas minhas minissências, nas minhas memórias no bairro de Educandos. É uma história de um primo meu que era um alcoólatra e ele mergulhava literalmente nas fossas pra desentupi-las e a troca de garrafa de cachaça que davam a ele. Ele teve uma vida evidentemente em razão dos alcoolismo crônico, mas foi uma figura humana que marcou profundamente a minha vida. Portanto, depois de adulto resolvi mortalizar, homenageá-lo na minha literatura. Na minha literatura, ela é permeada por fatos reais também, né? Não é só o não é só o universo imaginário, institucional, mas a realidade que  predomina muito nos meus escritos”, conta a escritora.

 

Vivências

Natural de Manaus, a escritora afirma que se inspira nas vivências da zona vermelha e portuária de Manaus para escrever suas obras. Márcia viveu sua infância no bairro de Educandos. Segundo ela, uma de suas maiores dificuldades enfrentadas é o fato do brasileiro não gostar de ler. “As pessoas não gostam de ler. Elas não têm  apreciação pela leitura, então essa é nossa grande dificuldade”, argumenta.

No seu processo de descoberta como escritora, Márcia conta que o interesse surgiu ainda quando era criança, por meio da mãe, dona Eunice, que tinha como livro de cabeceira “O Crime do Padre Amaro”, de Eça de Queiroz. “Como eu dormia no mesmo quarto, eu olhava minha mãe ler, muito séria, muito envolvida com a leitura. Mais tarde comecei a rabiscar o que vinha na minha cabeça, os filmes que eu via, da minha maneira, do meu olhar”, comentou.

Logo depois, Márcia se aprofundou na leitura com livros da literatura brasileira, russa, até entrar na faculdade de Letras, onde, por meio da prática, foi se aperfeiçoando, sendo editora e colaboradora da revista Sirrose (2001-2011).

Serviço:

Para adquirir qualquer uma das obras da escritora Márcia Antonelli, basta entrar em contato pelo telefone (92) 98486-7320 ou pelo e-mail: [email protected]

 

 

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