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Cidadania e responsabilidade social

Reprodução/ Internet

“Mas, assim como o homem civilizado é o melhor de todos os animais, aquele que não conhece a justiça e as leis é o pior de todos.” Aristóteles

A vivência da democracia em nosso país é um processo histórico relativamente jovem, há muito o que amadurecer, o que interiorizar, o que aprender. Há de se compreender a natureza e a essência da vivência da democracia e acima de tudo da urgente necessidade de interiorizar os valores e virtudes que esta forma de governo envolve. O sucesso do processo democrático exige de nós cidadãos e cidadãs um compromisso não somente consigo mesmo, mas de uma abertura para com a coletividade e o bem comum.

A natureza do processo democrático pressupõe que todos os agentes envolvidos estejam abertos e sensíveis à participação, principalmente quando o contexto em que estamos inseridos nos colocam em situação de graves problemas sociais. Nesta realidade os cidadãos são convocados a cumprir seus direitos e deveres para com a sociedade, obedecendo ao que possuímos de mais valoroso, nossa cultura, nossa história, nossa moral, nossa Constituição Federal e acima de tudo o bem estar do nosso povo.

O processo de participação democrática se alimenta do compromisso que cada pessoa deve cumprir, de que para que a sociedade em toda a sua complexidade se desenvolva e se torne cada vez melhor é necessário que todos desenvolvam uma sensibilidade cada vez mais humanizada para com as necessidades e desigualdades sociais.

Muitos possuem uma ideia insuficiente de democracia ao pensarem que se trata apenas do processo eleitoral em que ouvem as propostas de seus candidatos e ao final depositam a sua confiança nestes através do voto e daí em diante, nos quatro anos seguintes terão que aguardar se vai dar certo. Porém o processo democrático se realiza a cada dia de forma constante. A cada momento que denunciamos crimes políticos, que fiscalizamos os nossos governantes e representantes, que exigimos por melhorias e direitos que venham favorecer o bem estar coletivo, estamos dando fôlego e vida ao processo democrático.

No entanto, para que este processo funcione de forma justa e plena é necessário e urgente que cada pessoa, que cada brasileiro e brasileira assuma uma postura ética que respeite as diferenças, os diversos interesses, que seja aberto ao diálogo, que promova a unidade, mas que acima de tudo defenda os direitos que cada um possui no corpo social, através da Constituição Federal e das leis que regem nossas vidas.

O filósofo Immanuel Kant desenvolveu importantes reflexões e ideias que podem iluminar nossa vida social e nossas escolhas, o “imperativo categórico” em que estabelece: “Age sempre de tal modo que o teu comportamento possa vir a ser princípio de uma lei universal”, de maneira que cabe a cada um de nós pensar desta forma para que o bem não se reduza apenas a uma ideia vaga e infrutífera, e o que é pior, que seja um projeto individualista ou do interesse de poucos.

Recordei o filósofo Kant pois entende-se que o processo democrático se alimenta de uma fonte imprescindível para a construção de uma sociedade mais justa e mais humana, a vivência da cidadania. Cidadania esta pautada em princípios e valores éticos, que salvaguardam o valor da vida, os direitos fundamentais e a possibilidade de expressar nossos ideais e de termos a possibilidade de sonhar e conceber caminhar o que é necessário para um futuro mais próspero e mais igualitário.

A máxima aristotélica que utilizei no início deste artigo diz respeito a várias realidades humanas, política, social, ética, moral, entre outras que fazem parte do agir responsável quando se trata de nossa dimensão social. A afirmação “aquele que não conhece a justiça e as leis é o pior de todos” nos conduz a uma realidade, de que para que a vida política e democrática se faça valer é necessário que cada cidadão e cidadã exerça seu papel social e democrático, antes de tudo conhecendo as leis que regem nosso Estado, reconhecendo nestas a dinâmica da Justiça e, fazendo-a valer em suas atitudes e vivências.

Quais seriam as consequências enfrentadas por uma sociedade em que seus cidadãos não conhecem as leis vigentes e não participam de forma consciente e responsável de seus direitos e deveres? Ou, pensando de outra forma, que sociedade estamos construindo e que cidadãos estamos educando se ao menos sabemos o que é democracia, vida social, sentimento de pertença coletiva, e até da ideia de justiça e de bem comum?

Penso que para que estas mudanças sejam uma realidade devamos sempre aprimorar nosso sistema educacional, para que ofereça ao nosso povo uma leitura consciente dos contextos que organizaram e influenciam a vida social brasileira, o olhar crítico para entender e propor soluções para nossas mais gritantes necessidades e fazer com que as leis não sejam um tema que todos desconhecem e evitam conhecer.

Por Sérgio Bruno

É um livre pensador e professor formado em Ética e Filosofia Política, com mais de 15 anos de experiência na docência e formação de jovens e adultos. Atualmente também é professor em cursos pré-vestibulares na área de Ciências Humanas e suas tecnologias, atuando também como professor de Sociologia, Cultura Religiosa e Teologia. É apaixonado por temas como Cultura e Sociedade, Cidadania, Política, Direitos Humanos e Diálogo Inter-religioso. Adora livros, leitura e literatura e deseja convidar você para compartilhar pensamentos, ideias e reflexões diversas.

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