*Da Redação do Dia a Dia Notícia
Nesta terça-feira (3), será realizada no Fórum de Justiça Desembargadora Nayde Vasconcelos, em Presidente Figueiredo, no Amazonas, a audiência de instrução sobre o assassinato da artista circense Julieta Hernández. Seis testemunhas devem ser ouvidas presencialmente, marcando um momento importante no andamento do caso que chocou a comunidade local e ganhou repercussão nacional.
A primeira audiência ocorreu em agosto deste ano, mas foi suspensa devido à necessidade de anexação de um documento solicitado durante a sessão. Desde então, familiares e amigos de Julieta aguardam ansiosamente pela retomada do julgamento, na esperança de obter justiça para a artista, que teve sua vida brutalmente interrompida.
Um dos pontos centrais da audiência será a tentativa da família de Julieta de reclassificar o crime. Atualmente, o assassinato é tratado como latrocínio — roubo seguido de morte. No entanto, os familiares buscam a alteração para feminicídio, alegando que as circunstâncias do crime indicam que Julieta foi morta em razão de sua condição de mulher.
O pedido de reclassificação já foi negado anteriormente pelo promotor de Justiça Gabriel Salvino Chagas do Nascimento, mas a família contesta a decisão, destacando a violência extrema com a qual Julieta foi assassinada. Eles afirmam que o crime teve motivações de gênero, uma vez que a vítima foi violentada sexualmente antes de ser morta.
Julieta Hernández, conhecida artisticamente como a palhaça Jujuba, fazia parte do grupo Pé Vermêi, composto por artistas cicloviajantes que percorriam o Brasil promovendo arte e cultura. Em dezembro de 2023, Julieta desapareceu após uma viagem ao interior do Amazonas, onde planejava descansar e se reconectar com a natureza.
O desaparecimento da artista gerou grande mobilização nas redes sociais e entre amigos, que iniciaram buscas para localizá-la. Em janeiro deste ano, o corpo de Julieta foi encontrado em uma área de mata próxima ao refúgio onde ela estava hospedada. Ao lado do corpo, também foram encontrados pedaços de sua bicicleta, indicando que ela tentou escapar antes de ser capturada.
As investigações da Polícia Civil revelaram que Julieta foi violentada sexualmente, teve o corpo queimado e, em seguida, foi enterrada em uma cova rasa. A brutalidade do crime causou indignação e revolta, reforçando o apelo da família pela reclassificação para feminicídio.
Em janeiro, a polícia prendeu Deliomara dos Anjos Santos, de 29 anos, e Thiago Angles da Silva, de 32, apontados como os principais suspeitos do crime. O casal teve a prisão preventiva decretada pela Justiça e, desde então, aguarda julgamento. De acordo com as investigações, ambos teriam abordado Julieta com a intenção inicial de roubar sua bicicleta, mas o crime evoluiu para um ato de extrema violência.
Durante os depoimentos iniciais, testemunhas relataram que o casal já tinha histórico de crimes na região, o que reforça a gravidade das acusações. A audiência desta terça-feira será decisiva para definir o andamento do processo e, possivelmente, o desfecho do caso.