*Lucas dos Santos – Da Redação Dia a Dia Notícia
Ninguém pode negar, 2022 foi um ano e tanto para os moradores do estado do Amazonas. Apesar de marcado pelas eleições, muita coisa além da política ficará na memória dos amazonenses pelos próximos anos, como a morte da servidora Silvaneide Ferreira, de Dom Philips e Bruno Pereira, além do aumento de casos de Covid-19 no início do ano.
Confira fatos que marcaram o ano de 2022:
Execução na porta do tribunal
Em 6 de janeiro, três detentos foram fuzilados dentro de uma viatura da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) em frente ao Fórum Henoch Reis, onde passariam por audiência de custódia. O ataque deixou dois suspeitos mortos e feriu dois policiais.
Investigações posteriores mostraram que os tiros vieram de membros de uma facção rival. Pelo menos dez pessoas foram presas por envolvimento no caso.
Adeus ao poeta
O escritor e poeta Thiago de Mello, grande nome da literatura amazonense, morreu aos 95 anos em 14 de janeiro de 2022. Natural de Barreirinha, no interior do Amazonas, Thiago fez história com obras traduzidas para mais de trinta idiomas.
Seu maior poema é “Os Estatutos do Homem”, que chama a atenção do leitor para as coisas simples da natureza humana.
Ameaças à Zona Franca de Manaus
No apagar das luzes de fevereiro de 2022, pouco antes do Carnaval, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) assinou um decreto que reduzia o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para diversos produtos, prejudicando a competitividade do Polo Industrial de Manaus (PIM) em relação a outras indústrias do país.
Sem nenhuma contrapartida, o decreto foi alvo de ação judicial da bancada amazonense no Congresso, acatada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O governo, meses depois, publicou um novo decreto retirando a maioria dos produtos fabricados na ZFM.
Meninos perdidos
Em 15 de março, duas crianças que se perderam na floresta no município de Manicoré foram encontradas com vida após 26 dias de procura. Os irmãos de 6 e 8 anos estavam com uma desnutrição grave e escoriações no corpo.
Os dois teriam saído para caçar pássaros. Após o Corpo de Bombeiros encerrar as buscas oficiais, indígenas moradores da comunidade Capanã Grande continuaram a procurar pelos meninos até que foram encontrados. Os irmãos Glauco e Gleison foram encaminhados para o hospital e permaneceram internados até o início de abril.
Morte no ar
Em 15 de abril, um grupo de paraquedistas saltou no Aeroclube de Manaus. Quatro dos paraquedistas foram surpreendidos por uma repentina mudança no clima e acabaram pegos por uma ventania com chuva forte. Dois foram resgastados com vida após caírem na zona Oeste de Manaus.
Outros dois, Ana Carolina Silva e Luis Henrique Cardelli, foram levados para o Rio Negro e não resistiram. Ana Carolina foi encontrada em uma ilha nas proximidades do distrito do Cacau Pirêra, em Iranduba.
Até hoje, o corpo de Luis Henrique Cardelli não foi encontrado.
Atentado a vereador de Tabatinga
Em 14 de maio, o político Olímpio Guedes Olavo Júnior (PSD), vereador do município de Tabatinga, morreu após seu carro ser alvejado próximo ao conjunto João Bosco, bairro Flores, zona Centro-Sul de Manaus. Olímpio estava na companhia de outro vereador conhecido como Testa.
Olímpio já havia sido vítima de outro atendado em setembro de 2021 e respondia por tráfico de drogas. O político chegou a ser alvo da Operação Áquila, deflagrada pela Justiça Federal.
Assassinato de Silvanilde Ferreira
Ainda no mês de maio, a servidora do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) Silvanilde Ferreira Veiga foi encontrada morta em seu apartamento, localizado no bairro Ponta Negra, área nobre de Manaus.
O vigilante Caio Claudino de Souza foi apontado como o autor do crime, tipificado como latrocínio. Segundo as investigações, ele estava sob efeito de entorpecentes e cometeu o crime para conseguir dinheiro e comprar mais drogas.
Morte de Dom Philips e Bruno Pereira
O jornalista britânico Dom Philips e o indigenista Bruno Pereira desapareceram na floresta do Vale do Javari, município de Atalaia do Norte, em 8 de junho. Dias depois, após buscas lideradas por indígenas, seus corpos foram encontrados carbonizados.
O caso teve repercussão internacional e tornou-se marca da má gestão da Fundação Nacional do Índio (Funai) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. O caso ocorreu três anos depois da morte do indigenista Maxciel Silva, no mesmo local.
Invasão de garimpeiros no Madeira
No mês de julho, ribeirinhos e moradores das cidades de Autazes e Nova Olinda do Norte denunciaram uma nova ocupação de dragas de garimpo ilegal no rio Madeira.
Pelo menos 15 balsas com dragas se estabeleceram no local messes após a Polícia Federal expulsá-los e queimar as embarcações. Os garimpeiros ameaçaram os ribeirinhos e o transporte de cargas por meio do rio.
A Polícia Federal, até o mês de outubro, explodiu 121 dragas utilizadas no garimpo ilegal de ouro.
Monkeypox
No final de julho, após surtos na Europa, a varíola dos macacos foi detectada em solo amazonense. Caracterizada por pústulas dolorosas, a doença tornou-se motivo de preocupação em meio à pandemia de Covid-19.
Até dezembro, 335 casos foram confirmados no estado, mas não houve nenhuma morte.
Acidente da Flor Matizada
No final de agosto, um terrível acidente marcou o Festival de Cirandas de Manacapuru. Uma alegoria da agremiação Flor Matizada despencou de um guindaste durante a apresentação do terceiro dia.
26 cirandeiros estavam em cima da alegoria no momento da queda e tiveram que ser removidos com urgência para o hospital. Uma semana após o acidente, a cirandeira Vivian Ramos não resistiu e faleceu no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, em Manaus, sendo a única vítima fatal do acidente.
Em virtude do ocorrido, o festival não teve título de campeão em 2022.
Atentado no Adolpho Lisboa
Em setembro, o venezuelano Luís Domingo Siso, 60 anos, ateou fogo em uma lotérica no Mercado Municipal Adolpho Lisboa, no Centro de Manaus.
O caso provocou revolta na comunidade manauara. O criminoso chegou a ser linchado pela população no local. Quatro pessoas morreram em virtude das queimaduras e uma mulher sobreviveu.
Pontes destrutíveis
No final do mês de setembro, duas pontes sobre os rios Curuçá e Autaz Mirim desabaram na BR-319, nos limites do município do Careiro Castanho.
A queda das pontes isolou boa parte da população. A estrada é a única ligação terrestre do Amazonas com o restante do país. Duas balsas foram disponibilizadas pelo Governo do Amazonas para o trânsito de passageiros e mercadorias.
Reeleição de Wilson Lima e eleição de Lula
Após uma intensa e polarizada campanha política, o governador Wilson Lima (União) foi reeleito governador do Amazonas, derrotando o senador Eduardo Braga (MDB).
Na via contrária, o então ex-presidente Lula foi eleito com uma margem acirrada com o atual presidente, Jair Bolsonaro. Wilson era o candidato de Bolsonaro no Amazonas, enquanto Braga era o candidato de Lula.
A reeleição de Wilson pôs em xeque a antiga escola política que comandou o Amazonas nas últimas décadas. Amazonino Mendes, ex-governador que esteve à frente do estado por quatro vezes, não chegou ao segundo turno.
Estiagem no interior do Amazonas
Ainda em outubro, após uma cheia histórica, municípios do interior passaram a sofrer com a seca do rio Solimões. Dezenas de municípios ficaram situação de emergência. Uma imagem do município de Tefé às margens do rio seco rodou o noticiário nacional.
Até dezembro, o governo federal enviou ajuda financeira para os municípios afetados pela seca.
Atos golpistas
Inconformados com a eleição de Lula, manifestantes apoiadores do presidente Jair Bolsonaro iniciaram uma série de movimentos de cunho golpista em todo o país.
Os bolsonaristas bloquearam rodovias em diversos estados e começaram a acampar em unidades do Exército Brasileiro pedindo por intervenção militar. A Polícia Rodoviária Federal foi acusada de ser complacente com os atos golpistas.
Os bloqueios acabaram após operações ordenadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Os acampamentos acabaram somente no dia 30 de dezembro, com a partida de Bolsonaro para os Estados Unidos e a desesperança dos manifestantes por um golpe militar.
Ruas da Copa na FIFA
Tradicional na cidade desde a década de 1990, as decorações nas ruas de Manaus na Copa do Mundo acabaram nas redes sociais da FIFA, entidade organizadora do evento.
As chamadas Ruas da Copa, sobretudo a Rua 3 do bairro Alvorada, fazem sucesso sempre que são montadas na cidade de Manaus. A Rua 3 em questão foi exibida pela FIFA no Twitter.
