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Caso Delmo: Manaus foi cenário de um dos crimes mais bárbaros do Brasil

*Lane Gusmão – Da Redação Dia a Dia On-line

Quais as histórias que você conhece de Manaus? Tenho certeza que já ouviu sobre a construção do Teatro Amazonas, os tempos de Belle époque e que Manaus foi uma das primeiras cidades brasileiras a ter luz elétrica, água encanada e linhas de bondes. Mas o que muita gente não sabe é que a cidade já foi cenário de um dos crimes mais bárbaros do Brasil na década de 50. O nome da capital amazonense repercutiu inclusive na imprensa internacional. O ‘Caso Delmo’ faz parte da história de Manaus.


A história contada na imprensa virou livro publicado pelo escritor e pesquisador Durango Duarte. Com 376 páginas, o livro ‘Caso Delmo: o crime mais famoso de Manaus’, publicado em 2011, foi obra de muita pesquisa, o crime estampou as capas de quase todas as edições dos jornais locais, o pesquisador usou as reportagens publicadas na época para contar a história em detalhes, do assalto à serraria Pereira até o julgamento final de todos os envolvidos na morte de Delmo. O caso foi julgado no Palácio da Justiça que até hoje mantém a história, contada durante as visitas guiadas.

Ao portal Dia a Dia o escritor, que publicou outros livros com histórias de Manaus como: Imprensa amazonense (2015), Crônica de Manaus (2016) e  José Osterne de Figueiredo – Um grande azarado ou um assassino em série? (2017), Durango Duarte ressalta a necessidade de se conhecer a história da cidade e os acontecimentos que marcaram o tempo.

“Manaus é uma cidade que soterra suas histórias e seus personagens. Pouquíssimas são as contribuições produzidas pelos historiadores, jornalistas, intelectuais e outros aficcionados pelo cotidiano da cidade. O que existe atualmente é de fato irrisório. Entretanto é razoável colocar na matriz da produção literária a ausência dos poderes como investidores. Escrever ou compilar requer tempo, dedicação e recursos. Eu, na minha “mania” de ouvir os mais velhos e conhecer bons contadores de narrativas do nosso dia a dia, me levam a encarar alguns desafios. Delmo, Caso Figueiredo, Caso Batará e Imprensa Amazonense: Chantagem, Politicagem e Lama, são frutos da inquietude de proporcionar as futuras gerações algo diferente da vida de uma Manaus que não mais existe”, disse o escritor.

No aniversário de Manaus, Durango faz críticas aos governos que não investem em cultura, como fazem com festas.

“Destaco que os aniversários do município deveriam ser comemorados com a entrega de 50 livros sobre qualquer aspecto da urbe. As festas tradicionais são um acinte a memória. Milhões de reais para não deixar nenhum legado?”, criticou Durango.

A história contada no livro por meio de mais de 200 matérias jornalísticas da década de 1950, leva o leitor a imaginar todo o cenário, uma leitura intrigante e fascinante pela linguagem e pelo formato.

O caso Delmo

No dia 05 de fevereiro de 1952, um jovem, acusado de assassinato, torna-se, em menos de uma semana, de algoz à vítima. Após ter sido acusado de assaltar a serraria Pereira, de propriedade do seu pai, e assassinar o taxista José Honório Alves da Costa, crimes cometidos na madrugada de 30 para 31 de janeiro daquele ano, Delmo chegou a confessar o crime, mas entrou em contradição em vários depoimentos para não entregar possíveis comparsa. E, como num roteiro de um filme, chegou-se até ao ponto de submeter Delmo a um tal “soro da verdade”, o qual faria com que o jovem revelasse tudo sobre o crime.

O assassinato de Delmo Campelo Pereira ocorreu na então estrada velha de São Raimundo, proximidades do famoso batuque de Joana Galante, o corpo do jovem ficou irreconhecível, segundo os jornais da época, chegando a ser puxado por dois veículos ao mesmo tempo em direções contrárias por dezenas de taxistas, como vingança a morte do colega. O enterro de Delmo Campelo Pereira foi um evento que movimentou a cidade. A comoção popular transformou em mártir aquele que, dias antes, quando do homicídio do chofer José Honório, era chamado de frio, covarde e anormal. O mesmo que, nas manchetes de jornais, fora estampado como o autor de um monstruoso crime, agora, morto, era apresentado como a vítima de um espetáculo mais horrendo ainda.

A pressão popular foi tanta que o então governador Álvaro Maia teve que mudar toda a cúpula da Central de Polícia, instituição que carregou a marca de ser inoperante e conivente com o assassínio de Delmo Pereira, em razão de uma certa morosidade na condução das investigações dos crimes cometidos pelo estudante e por uma possível facilitação no sequestro de Delmo para a sua morte (alguma semelhança com os dias de hoje é mera coincidência).

Choferes foram presos às dezenas, muitas testemunhas foram arroladas, depoimentos, acareações. A sociedade exigia a punição dos culpados pelo massacre do estudante. Dos, aproximadamente, 60 suspeitos iniciais, mais de 40 foram levados à Penitenciária Central, na avenida 7 de Setembro, aguardando o fim das investigações e a sentença de pronúncia.

Ao final, entre um caso de suicídio, um de loucura, uma fuga cinematográfica e vários suspeitos impronunciados, 28 pessoas foram ao banco dos réus pelo assassinato do jovem.

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