*Da Redação Dia a Dia Notícia
O presidente Jair Bolsonaro (PL) se pronunciou pela primeira vez desde a derrota para Lula (PT) nas eleições de 2022. Em conversa com apoiadores em Brasília, o futuro ex-presidente fez um discurso com sentido dúbio e afirmou que seu governo “despertou o patriotismo no Brasil”, colocando-se como um adversário do “sistema” político, apesar de ter um histórico de 28 anos como parlamentar.
“Eu falei que viria aqui para ouvi-los e, se estou aqui, é porque, primeiro, acredito em Deus. Em segundo lugar, que devo lealdade ao povo brasileiro. Nós despertamos o patriotismo no Brasil. O povo voltou a admirar sua bandeira. O povo voltou a acreditar que o Brasil tem jeito”, afirmou.
O discurso do presidente ocorreu pouco mais de uma hora após a derrota do Brasil para a Croácia na Copa do Mundo e no mesmo dia em que Lula indicou seus primeiros ministros.
Bolsonaro afirmou a seus apoiadores que “quem decide para onde eu vou são vocês; quem decide para onde as Forças Armadas vão são vocês; quem decide para onde o Congresso vai são vocês”. O presidente disse ainda que “nada está perdido” e que “diferentemente de outras pessoas, vamos vencer”, sem apontar sobre o que exatamente estaria falando.
Os apoiadores entoaram coro de “Fica, Bolsonaro” e afirmaram que iriam ao Supremo Tribunal Militar (STM). O presidente destacou que “se Deus quiser, tudo dará certo no momento oportuno”.
O que dizem os analistas
A analista Larissa Rodrigues, da CNN Brasil, destacou que o discurso do presidente da República é propositalmente ambíguo. Segundo ela, as palavras de Bolsonaro encorajam os atos golpistas de seus apoiadores, mas ao mesmo tempo não podem ser utilizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ou Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para acusá-lo de não reconhecer o resultado das urnas.
“É uma forma de atacar, mas ao mesmo tempo se defender. Eu até anotei algumas falas naquele momento que me chamaram muita atenção. Quando ele fala ‘nós vamos vencer’. Vencer o que se as eleições já terminaram? Se o vitorioso dessas eleições foi o presidente eleito que já vai ser diplomado na semana que vem e vai assumir em janeiro, Luiz Inácio Lula da Silva?”, destacou.
O colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, afirmou que, apesar da fala dúbia, Bolsonaro “claramente incitou esses apoiadores dele a continuarem com os movimentos, com os atos golpistas ali na frente dos quartéis para questionar o resultado das eleições”.
“Bolsonaro disse por exemplo que ‘nada está perdido’. Os resultados das eleições já foram sacramentados, já foram reconhecidos pelos outros chefes de poderes, com exceção dele. Com isso, ele dá uma sinalização de que pode haver uma mudança no cenário eleitoral”, afirmou.
