O presidente Jair Bolsonaro classificou como “lamentáveis” as declarações de Joe Biden, candidato do Partido Democrata à Presidência dos Estados Unidos, no debate de terça à noite, sobre a preservação da Amazônia brasileira. Segundo Bolsonaro, a soberania nacional é “inegociável” e o Brasil não vai aceitar “subornos”, conforme reportagem do O Globo. Além da ajuda equivalente a R$ 113 bilhões, o ex-vice de Barack Obama sugeriu consequências econômicas ao Brasil se a devastação não for contida.
“O que alguns ainda não entenderam é que o Brasil mudou. Hoje, seu Presidente, diferentemente da esquerda, não mais aceita subornos, criminosas demarcações ou infundadas ameaças. NOSSA SOBERANIA É INEGOCIÁVEL”, escreveu em rede social.
Bolsonaro, desde que assumiu o governo em 2019 tem recebido críticas externas sobre sua política ambiental, disse que o seu governo “está realizando ações sem precedentes para proteger a Amazônia” e que cooperações entre os dois países são bem-vindas, como as que estaria discutindo com Donald Trump, que tenta a reeleição.
A citação ao Brasil foi uma exceção no primeiro debate entre Trump e Biden, no qual a política externa dos EUA não esteve em discussão, salvo pelos habituais ataques de Trump à China para defender sua gestão diante da pandemia da Covid-19.
Durante o embate com os candidatos à Presidência dos EUA, Biden tocou em um dos pontos centrais de seu plano de governo, a questão climática, e citou o Brasil ao mencionar o papel de liderança que os EUA deveriam assumir no tema.
— A Floresta Amazônica no Brasil está sendo destruída, arrancada. Mais gás carbônico é absorvido ali do que todo carbono emitido pelos EUA. Eu tentarei ter a certeza de fazer com que os países ao redor do mundo levantem US$ 20 bilhões e digam (ao Brasil): “Aqui estão US$ 20 bilhões, pare de devastar a floresta. Se você não parar, vai enfrentar consequências econômicas significativas — afirmou o candidato democrata, sem entrar em detalhes sobre que consequências seriam essas.
O presidente brasileiro afirmou que a “cobiça de alguns países sobre a Amazônia é uma realidade” e que “a externação por alguém que disputa o comando de seu país sinaliza claramente abrir mão de uma convivência cordial e profícua”.
“Custo entender, como chefe de Estado que reabriu plenamente a sua diplomacia com os Estados Unidos, depois de décadas de governos hostis, tão desastrosa e gratuita declaração”, disse.
A preocupação de Biden com a Amazônia e a ideia de levantar os US$ 20 bilhões havia surgido já no ano passado, nos primeiros momentos da disputa pela indicação do candidato do Partido Democrata. Na época, o ex-vice-presidente defendeu medidas em escala global para conter a destruição da floresta. Em março de 2020, quando já aparecia como o virtual favorito para a indicação, sinalizava que poderia adotar medidas mais duras contra o governo brasileiro caso nenhuma ação mais concreta fosse tomada.