*Lucas dos Santos – Da Redação Dia a Dia Notícia
Com discurso curiosamente alinhado, parlamentares apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Amazonas tentam culpar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelos atentados terroristas em Brasília no último domingo (8/1). Usando uma manchete do jornal Folha de S. Paulo, que mostra o alerta da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre risco de violência um dia antes dos ataques, os deputados buscam apontar suposta incompetência do ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB).
O vereador de Manaus Capitão Carpê Andrade (Republicanos) e os deputados estaduais Delegado Péricles (PL) e Débora Menezes (PL) postaram a notícia em suas redes sociais com comentários atacando o governo federal e o ministro Flávio Dino. Já o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL) jogou a culpa na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, sem mencionar que era chefiada por Anderson Torres, ex-ministro de Jair Bolsonaro, no dia dos atentados terroristas.
A seção de comentários das postagens é permeada por teorias conspiratórias de bolsonaristas que creem piamente serem vítimas de um complô do Partido dos Trabalhadores e grupos de esquerda. O discurso se repete entre os detidos pelos atentados em Brasília. Segundo a jornalista Daniela Lima, da CNN Brasil, uma mulher detida por depredação afirmou que não havia quebrado nada, e o responsável pela destruição seria o PT.
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Padilha culpa GDF
Em entrevista coletiva nesta terça-feira (10/1), o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, isentou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), pasta responsável pela Abin, e o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, da responsabilidade pelas falhas na segurança que propiciaram a invasão aos prédios dos três poderes da República.
O petista destacou que a falha veio das forças de segurança do Governo do Distrito Federal, chefiadas pelo governador afastado Ibaneis Rocha (MDB) e pelo então secretário de Segurança, Anderson Torres. Padilha afirmou
“A negligência foi cometida pelo GDF, que não garantiu aquilo que estava preestabelecido. Se tivesse tivesse sido firme e garantido o que estava sendo preestabelecido, nada disso teria acontecido. O próprio pedido de desculpas por parte do governador é a maior demonstração de que ele reconhece que o erro foi cometido pelos agentes do GDF”, disse.
Ibaneis Rocha de fato, publicou um vídeo pedindo desculpas pela negligência. Auxiliares de sua vice, a atual governadora do DF Celina Leão (PP), relataram que ele apoia a intervenção na Segurança Pública determinada por Lula e aprovada pelo Congresso Nacional.
Quanto ao “acordo preestabelecido”, Padilha refere-se ao trato firmado entre o GDF e o governo federal. Em entrevista ao Roda Viva, o ministro afirmou que a Segurança do Distrito Federal definiu previamente o número de agentes responsáveis pela segurança do local e a proibição do acesso à Esplanada dos Ministérios. Padilha destaca que esse protocolo foi rompido pelo GDF e que os ministros Flávio Dino e José Múcio buscaram controlar a situação.
“Quem rompe com o protocolo foi a atitude negligente do GDF”, explica Alexandre Padilha.
Segundo o ministro das Relações Institucionais, foi pré-definido um número de agentes e a proibição do acesso à Esplanada dos Ministérios.#RodaViva pic.twitter.com/M3udiSqRub
— Roda Viva (@rodaviva) January 10, 2023