Um bebê Yanomami de cerca de um ano e peso de três quilos morreu na última sexta-feira (21) com quadro de desnutrição. A informação é do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuanna (Condisi-YY), que está cobrando do Ministério da Saúde esclarecimentos sobre um suposto atraso na remoção aérea da aldeia para Boa Vista (RR).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o peso médio para um bebê do sexo masculino é de 9,6 kg. Além do diagnóstico de desnutrição, a criança também apresentava olhos fundos e choro sem lágrimas.
A remoção do bebê foi solicitada às 16h53 de quinta-feira (20), de acordo com documento obtido pelo Condisi. Ele estava sendo atendido na comunidade Homoxi, na Terra Indígena Yanomami, e morreu no dia seguinte, às 12h29.
Reconhecidos pelo Ministério da Saúde, os Condisis fazem o controle social das ações do Dseis espalhados pelo país.
A crise na atenção à saúde yanomami ganhou visibilidade após a publicação da foto de uma menina de 8 anos com quadro grave de desnutrição. Ela pesava 12,5 kg, embora o peso médio para essa idade seja de 25 kg, segundo a OMS.
Transferida para Boa Vista em estado grave em abril, ela ganhou peso e está fora de perigo, embora continue internada, segundo a Folha de São Paulo apurou.
Em entrevista recente, o assistente de enfermagem Tony Gino Rodrigues, do Dsei Yanomami, disse que há falta de estrutura de trabalho e de medicamentos para tratar malária e verminoses, problemas endêmicos, muitas vezes associados à desnutrição.
Procurado, o Ministério da Saúde não comentou sobre o caso do bebê morto com quadro de desnutrição. A pasta tem negado a falta de medicamentos para os yanomamis.
Relatório da Unicef divulgado em 2019 revelou que 81,2% das crianças yanomamis menores de cinco anos tinham baixa estatura para a idade, 48,5% apresentavam baixo peso, e 67,8% estavam anêmicas.