A primeira semana do BBB21 tem uma marca: o medo. Não, a “casa mais vigiada do Brasil” não optou por colocar fantasmas, assombrações e monstros aterrorizantes na edição 2021. Porém, é inegável que, ao menos nos primeiros dias, os participantes têm pisado em ovos para não serem cancelados – uma das principais desgraças do mundo moderno.
Assim, vimos Fiuk chorar (entre outros vários motivos) por ser “branco e privilegiado”. Outros participantes foram com discursos prontos, feitos na medida para não desagradar o exército virtual. Até mesmo quando ocorrem pontuais deslizes, rapidamente a situação é corrigida.
A experiência do BBB20 mostrou que, nesta nova era, ser cancelado é o pior dos mundos no pós-reality. De famosos a anônimos, todos querem seguidores e sair com uma boa imagem do programa.
O primeiro a notar o discurso dominado pelo “medo do cancelamento” foi Chico Barney – um dos mais ativos comentadores de realities da internet. “O medo do cancelamento deixou o BBB21 apavorado”, cravou o colunista do UOL.
Por que tanto medo?
O pavor do cancelamento tem explicação. Além de gerar uma possível perda de contratos publicitários e comerciais, a onda de ataques tem duros impactos na imagem pública e na vida pessoal dos famosos ou pretendentes a celebridades.
“Eu acho que muito além do custo financeiro é o custo emocional. Primeiro, quando vem uma onda de cancelamento, vem muita gente te xingando, te falando coisas que muitas vezes não condiz com a verdade, muitas vezes a pessoa falou pensando em uma coisa e as pessoas interpretaram como outra. E, normalmente, a pessoa que está sofrendo o cancelamento não tem direito de resposta, ela já foi julgada pela internet, e esse julgamento é final”, analisa Fátima Pissarra, CEO da Mynd, agência especializada em cultura digital, entretenimento e música.
“A questão financeira é um pouco temporária, na maioria dos nossos casos. A gente nunca teve um caso em que a pessoa foi cancelada para sempre. Ela é cancelada temporariamente e, nesse período é óbvio, quando está o tumulto acontecendo, muita marca que queria contratar, desiste”, completa.
O empresário digital João Mendes Miranda, que acompanha de perto a carreira de vários influenciadores, aponta que o cancelamento, em diversos casos, pode ser fatal para os artistas.
“Ao contrário do passado, onde existiam poucos famosos, no mundo digital, surgem novos influenciadores com milhões de seguidores diariamente. Isso divide a audiência e o público não cria aquela relação de amor tão grande. Se ele fala algo errado, as pessoas deixam de seguir e pulam para outro”, conclui João Mendes.