Armênia e Azerbaijão assinaram um acordo, com a mediação da Rússia, para acabar com semanas de violentos combates pelo controle da região de Nagorno-Karabakh, na fronteira dos dois países.
A população comemorou no Azerbaijão e protestou na Armênia após a assinatura do acordo, que entrou em vigor às 18h (horário de Brasília) de segunda-feira (9).
O documento foi assinado pelo presidente azerbaijano, Ilham Aliyev, o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, e o presidente russo, Vladimir Putin.
A região vive desde setembro os combates mais violentos em quase três décadas. Separatistas armênios lutam contra o exército azerbaijano, que tentava recuperar a região e teve uma série de vitórias recentemente.
O conflito deixou ao menos 1,3 mil mortos e, durante semanas, a Rússia e outros países tentaram obter um cessar-fogo. As três tentativas fracassaram logo depois da entrada em vigor das tréguas humanitárias.
A Rússia vai enviar 1.960 militares, 90 tanques e 380 veículos para a região para garantir o cumprimento do acordo. Putin disse que cada parte vai manter as posições que ocupam atualmente, o que valida os territórios recuperados pelo Azerbaijão.
Protestos e comemorações
O anúncio provocou manifestações de alegria no Azerbaijão e protestos na Armênia, onde vários manifestantes invadiram durante a noite as sedes do governo e do Parlamento.
No Azerbaijão, os habitantes comemoraram e muitos saíram às ruas aos gritos de “Karabakh é Azerbaijão” e “estamos de volta”.
Os milhares de manifestantes que se reuniram em frente à sede do governo armênio chamaram o primeiro-ministro de “traidor” e pediram sua renúncia.
Centenas de pessoas entraram no edifício, quebraram janelas e saquearam escritórios, especialmente a sala do conselho de ministros. O mesmo ocorreu na sede do Parlamento.
Nesta terça-feira, a polícia armênia recuperou o controle das duas instituições.
Impactos do acordo
O primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, afirmou em comunicado que assinar o acordo foi uma decisão “incrivelmente dolorosa para mim e para nosso povo”, mas que teve que tomar a decisão após “analisar de maneira profunda a situação militar”, em referência aos avanços do Azerbaijão.
A derrota militar em Nagorno-Karabakh pode ameaçar o futuro do primeiro-ministro armênio, que chegou ao poder após uma revolta popular em 2018. Antes do anúncio do acordo, 17 partidos de oposição pediram sua renúncia.
O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, proclamou a “capitulação” do inimigo, apesar de não ter reconquistado a totalidade de Nagorno-Karabakh.
“Eu disse que expulsaríamos [os armênios] de nossa terra como cães e nós fizemos isto”, afirmou Aliyev antes de chamar o primeiro-ministro armênio de “covarde” por não ter assinado a declaração diante das câmeras.
A Turquia, que se posicionou a favor de Baku, elogiou as “importantes conquistas” do Azerbaijão contra a Armênia.
* G1