*Lucas dos Santos, da Redação Dia a Dia Notícia
A janela partidária provocou uma enorme dança das cadeiras nos partidos em todo o Brasil. No Amazonas, os maiores beneficiados foram o Avante, do prefeito David Almeida, o União Brasil, do governador Wilson Lima, e o Partido Social Democrático (PSD), do senador Omar Aziz.
A janela partidária é um período de 30 dias que ocorre seis meses antes das eleições. Durante esse tempo, os parlamentares podem trocar de partido preservando seus cargos. Quando esse período se encerra, o político só poderá trocar de legenda e preservar o mandato se entrar em acordo com o partido ao qual está filiado.
As articulações para as eleições de outubro deste ano pesaram na escolha dos parlamentares amazonenses. O governador Wilson Lima concorre à reeleição, bem como o senador Omar Aziz. O chefe do executivo estadual busca selar uma aliança com o prefeito de Manaus, David Almeida. O acordo envolve a indicação do vice de Wilson Lima pelo prefeito da capital.
O atual vice-governador, Carlos Almeida (PSDB), está rompido com Wilson Lima desde 2020. Os mais cotados para assumir a vaga de vice na nova chapa são os ex-secretários Sabá Reis, da Limpeza Pública, e Shádia Fraxe, da Saúde. Ambos filiaram-se ao Avante durante a janela partidária.
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Manaus é Avante
O partido do prefeito David Almeida tornou-se a maior bancada da Câmara Municipal de Manaus (CMM). Nas eleições de 2020, a legenda já havia conseguido eleger quatro vereadores: David Reis, presidente da casa; Dr. Eduardo Assis, Lissandro Breval e Wanderley Monteiro.
Com as trocas de partidos, o Avante ganhou dois novos parlamentares: o vereador Marcel Alexandre, eleito em 2020 pelo Podemos, e o líder da prefeitura na CMM, vereador Marcelo Serafim, vindo do Partido Socialista Brasileiro (PSB), presidido no Amazonas por seu pai, o deputado estadual Serafim Corrêa.
A segunda maior bancada da CMM é formada pelo Partido Social Cristão (PSC), aliado do prefeito e do governador Wilson Lima. O partido conta com quatro vereadores, eleitos já em 2020: Allan Campelo, Caio André, Daniel Vasconcelos e Rodrigo Guedes. Esse último, apesar de estar no PSC, é opositor de David Almeida.
Aleam governista
Após o governador Wilson Lima trocar o PSC pelo União Brasil, vários deputados estaduais aliados aproveitaram a janela partidária para ingressar na legenda. O União nasceu da fusão entre o Partido Social Liberal (PSL) e o Democratas (DEM).
Em 2018, o DEM não elegeu deputados estaduais e o PSL conseguiu emplacar apenas um, o Delegado Péricles. Em 2022, como União Brasil, angariou cinco parlamentares de diferentes partidos:
- Adjuto Afonso, vindo do Partido Democrático Trabalhista (PDT);
- Fausto Junior, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB);
- Joana Darc, do Partido Liberal (PL);
- Saullo Vianna, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), pré-candidato a deputado federal;
- e, por fim, o presidente da casa Roberto Cidade, do Partido Verde (PV).
Vale ressaltar que Cidade era presidente do PV no estado do Amazonas, cargo assumido pelo deputado estadual Carlinhos Bessa com a mudança de partido.
A segunda maior bancada da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) é formada pelo PL, presidida no estado pelo ex-deputado Alfredo Nascimento. Em 2018, a legenda elegeu apenas o deputado Cabo Maciel. Após a filiação do presidente Jair Bolsonaro ao partido, vários de seus apoiadores o acompanharam.
Foi o caso do Delegado Péricles, que ingressou no PL em detrimento do União Brasil. Os deputados Tony Medeiros e Therezinha Ruiz também filiaram-se ao PL, vindos do PSD e do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), respectivamente.
Oposição de centro
Na esfera federal, o PSD se tornou a maior bancada do Amazonas. Em 2018, o partido elegeu o deputado federal Sidney Leite. Após a janela partidária, ganhou os deputados Átila Lins, vindo do PP, e Marcelo Ramos, vice-presidente da Câmara Federal.
No caso de Marcelo, o principal fator para sua mudança foi a entrada de Bolsonaro no PL, seu antigo partido. Marcelo Ramos é opositor declarado do presidente da República. As mudanças na casa legislativa beneficiam o senador Omar Aziz, presidente do PSD no Amazonas, também opositor de Bolsonaro, principalmente após presidir a comissão parlamentar de inquérito da Covid-19.
Omar apoia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022. Em contrapartida, Lula apoia a reeleição do senador, no intuito de conseguir o apoio do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, ainda no primeiro turno.