*Alice Almeida – Dia a Dia Notícia
Força, empoderamento e resistência. Essas são as principais mensagens transmitidas com as quatro faixas do primeiro EP lançado por uma drag queen manauara, o projeto “Fenômeno da Resistência”, da artista Aurora Boreal, que chegou ao mundo nessa sexta-feira (18) nas principais plataformas digitais. Em entrevista para o Dia a Dia Notícia, Aurora fala sobre o que a sua música representa.
“Eu quero que esse EP seja um instrumento de empoderamento e de inspiração. Apesar de ser o primeiro EP de drag queen manauara eu quero que ele não seja o único, eu quero muito que outras drags, artistas LGBTQIA+ possam olhar esse projeto e ver que é possível também realizar os seus projetos, sonhar e concretizá-los. E o EP é sobre isso”, afirmou Aurora.
Muitos foram os desafios enfrentados pela artista para dar vida ao seu projeto musical. A falta de aceitação da arte drag e dos custos da profissão de entretenimento e cultura são algumas dificuldades citadas por Aurora, uma realidade, segundo ela, não apenas do Amazonas, mas também do Brasil inteiro.
“Muitas pessoas até se sentem ofendidas quando a gente cobra cachê pelo nosso trabalho. E desconhecem e não querem conhecer todos os sacrifícios, os investimentos que a gente faz, seja em peruca, seja em roupas, numa produção musical, seja em apresentação, criando conteúdo, enfim, trazendo novidade pras pessoas e representatividade. Infelizmente, muitos contratantes ainda não reconhecem a gente como profissionais, como trabalhadores da cultura”, protesta.
“Muitas pessoas até se sentem ofendidas quando a gente cobra cachê pelo nosso trabalho. E desconhecem e não querem conhecer todos os sacrifícios, os investimentos que a gente faz, seja em peruca, seja em roupas, numa produção musical, seja em apresentação, criando conteúdo, enfim, trazendo novidade pras pessoas e representatividade. Infelizmente, muitos contratantes ainda não reconhecem a gente como profissionais, como trabalhadores da cultura”, protesta.Aurora também considera que o público amazonense precisa valorizar mais a cultura local, para que, dessa forma, os artistas possam fazer sucesso na própria região, sem precisar sair do Amazonas para ir em busca de consolidar suas carreiras.
“A gente tem que valorizar quem já está aqui, sem precisar esperar que a pessoa ‘bombe’ lá fora, que a pessoa tenha uma repercussão grande lá fora. Lá fora que eu digo são os outros estados, a nível Brasil. Reconhecer o passo a passo dos nossos artistas da terra, fortalecer, apoiar, divulgar, consumir, pagar pelos nossos, pela nossa arte, pelo nosso trabalho também, porque como eu já disse, somos trabalhadores”, pontua.
Inspirações
Para o EP “Fenômeno da Resistência”, Aurora buscou inspiração em várias fontes. Gloria Groove, Jennifer Lopez e Whitney Houston são algumas divas citadas pela drag como referência para as faixas. Rap, hip-hop, balada eletrônica e até mesmo o ritmo do beiradão são os gêneros explorados pela artista em suas músicas.
“Em cada faixa a gente tem inspirações, a gente quis trazer alguns elementos eletrônicos, de hip-hop também, em ‘Fenômeno da Resistência’, com a pegada do Black Eyed Peas. A gente quis também uma com referências da Gloria Groove, no rap, na força, na imponência da música. ‘Abracadabra’, a gente quis trazer também uma latinidade muito presente em alguns trabalhos da Jennifer Lopez. ‘Sou Fórmula do Norte’ já é o beiradão, todas as referências dos nossos artistas locais. E ‘Como Uma Estrela’ é uma música de pista, balada eletrônica”, afirma.
Resistência
Aurora Boreal trabalha com ativismo LGBTQIA+ há cerca de seis anos em Manaus. Para ela, a sua jornada e o seu trabalho são o verdadeiro significado de um fenômeno da resistência. “Consegui ter alguns momentos muito importantes, emblemáticos, simbólicos e representativos pra comunidade LGBTQIA+, criando o primeiro canal no YouTube voltado pra pauta LGBTQIA+ aqui do Amazonas, trazendo esse primeiro EP de uma drag queen, enfim, dando palestras, me apresentando”, conta.
O lançamento do seu primeiro EP, além de um presente para os ouvidos do público, é também um marco de uma conquista pessoal de Aurora.
“Por tudo que aconteceu comigo, por tudo que eu passei, por todos os desafios que eu enfrento, eu quis transmitir essa mensagem pras pessoas. E pro cenário artístico, eu espero que a Aurora seja esse instrumento inspiração, que inspire os outros artistas que são da minha comunidade, que são do segmento LGBTQIA+”, conclui.
