“Até 24 horas atrás eu era só uma estudante normal”, diz a paranaense Gabriela Ricci, 17, que na quinta (26) virou meme na internet como a “Gabi da AE4”. O apelido é como ela ficou conhecida após ter o nome citado por celebridades em vídeos de apoio a calouros da Fundação Getúlio Vargas de SP (FGV-SP).
“O meu nome acabou aparecendo um pouco mais porque era dito pelos famosos que responderam”, diz a jovem citada em mensagens enviadas por pessoas como o ex-BBB Kaysar Dadour e o ator Tiago Martins.
“Ninguém estava esperando tanta repercussão”, segue a estudante de administração nascida em Maringá que está em seu primeiro mês de curso – seguido até o momento a distância, de sua cidade, dadas as restrições impostas às escolas e unviersidades em meio à epidemia de Covid-19 em São Paulo.
Os vídeos inusitados são parte de uma gincana de integração da FGV-SP que movimentou a internet na quinta (25). Neles, personalidades de diferentes setores enviaram apoio a alunos da instituição que participam do evento –iniciado nesta semana e que segue até abril, conforme a matéria da Folha de S. Paulo.
Alguns dos desejos de boa sorte vieram de figuras como o ex-ministro Sergio Moro, a apresentadora Xuxa Meneghel e até do ator americano Ed O’Neill, do seriado “Modern Family”. Em suas mensagens, artistas, políticos, empresários e apresentadores incentivam alunos de primeiro semestre dos cursos de administração de empresas, administração pública, direito e economia. Ricci integra a turma 4 de administração de empresas.
A coluna procurou Gabriela por meio do Diretório Acadêmico Getúlio Vargas, que forneceu um telefone de um aluno amigo da jovem. Este aluno pediu para que a reportagem entrasse em contato com uma assessora de imprensa que diz estar ajudando a família da estudante em meio aos muitos pedidos de contato que ela vem recebendo desde que ficou famosa na internet.
A jovem afirma que não pediu ajuda para ninguém para conseguir os apoios e que não possui uma agenda rica em personalidades. Ela diz que, no seu caso, os contatos com cada um dos famosos foi feito por meio de mensagens enviadas por redes sociais como o Instagram, o Facebook e o TikTok.
“Fomos enchendo [os famosos] de mensagens”, conta ela sobre a mobilização dela e de sua classe.
A fama repentina fez com que ela também passasse a ser bombardeada por ligações e mensagens.
“Como isso tomou uma proporção absurda, começaram a me seguir em redes privadas, a pedir para eu fazer publicidade. Acabei cancelando [a sua conta pessoal no Instagram]”, diz ela, que, porém, criou uma conta oficial para a “Gabi da AE4”. “Nunca fui uma pesosa muito de mídias sociais. Mas a gente criou um Instagram próprio da Gabi da AE4 para poder fazer dali o centro das mídias”, explica.
O número do telefone celular dela também vazou. “Tive que tirar o chip do celular [para parar de receber ligações e mensagens por WhatsApp”, afirma. “Cancelei [o número]”.
A busca por apoio de personalidades de diferentes setores começou por um mal-entendido dos calouros da faculdade que participam de uma gincana anual de integração.
Segundo o Diretório Acadêmico Getúlio Vargas (DAGV), o objetivo era que os calouros conseguissem o máximo de apoio possível para as suas classes –mas, eles compreenderam a instrução erroneamente. O pedido da organização do evento era para que as turmas contatassem “pessoas famosas da torcida” da FGV.
“Acho que eles não entenderam direito e acabou virando celebridades no geral. Foi progredindo e deu no que deu. A cada minuto que passa chegam mais vídeos”, diz o presidente do DAGV, Marco Koblinsky.
Segundo Gabriela Ricci, tudo começou quando um dos calouros enviou um vídeo gravado pela apresentadora Angélica. “Todos adoraram. Começamos a ir atrás, a turma toda se uniu e engajamos no assunto”, conta ela.
“Por termos feito uma interação muito grande com famosos por redes sociais, conseguimos muito. Isso acabou saindo do ambiente da gincana. Tomou uma grande proporção”, avalia. “Cada um tinha um jeito próprio de abordagem.”
Gabriela atribui o sucesso de interações aos alunos de sua classe e das outras turmas da faculdade. “Teve gente que foi atrás de atores estrangeiros que a gente nem imaginava que chegaria nesse ponto”, diz.
“A gente recebe diariamente a cada segundo uma mensagem de amor falando que apoia a gente, em prol da gincana. Então acho que a gente está querendo lidar com isso em uma maneira muito positiva”, diz ela, que gostaria de levar esse engajamento para o “âmbito social”.
“Estamos em posição de tirar ótimos frutos do que aconteceu. Muitas empresas já conversaram com a gente para patrocinar essa AE4 [na gincana]. E com isso a gente resolveu reverter essa publicidade em engajamento social dessa turma toda”, afirma Ricci. “Hoje eu acho que a AE4 é uma turma que fazer história.”