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Arthur Neto diz que parte da responsabilidade pela não adesão da população ao distanciamento é de Bolsonaro

Segundo Arthur Neto, se nada mudar, ele vai recomendar ao governador do Amazonas, Wilson Lima, que decrete o chamado "lockdown", que implica no fechamento total de todas as atividades comerciais da cidade e o confinamento das pessoas em suas casas
O prefeito de Manaus, Arthur Neto, criticou, em entrevista ao Globo, a velocidade da ajuda do governo federal à cidade, diz que parte da responsabilidade pela não adesão da população ao distanciamento é do presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, se nada mudar, ele vai recomendar ao governador Wilson Lima que decrete o chamado “lockdown”, que implica no fechamento total de todas as atividades comerciais da cidade e o confinamento das pessoas em suas casas.
Arthur Neto disse ainda que o Amazonas tem condições, hoje, de, sozinho, sair da crise na saúde. “Sem o governo federal nos ajudar, não temos como sair dessa crise. Tem que ter uma presença federal muito forte, que a gente não vem percebendo”, declarou. Segundo Arthur, Manaus vive hoje “cenas de filme de terror”.

Hoje, o Amazonas é um dos estados com maior incidência de covid-19. Boletim divulgado na quinta-feira (30) pelo governo registrava 5.254 casos confirmados e 425 mortes. De acordo com o balanço, 264 pacientes internados, sendo 135 em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), e 1.639 pessoas que se recuperaram da doença.

O centro da pandemia no estado é a capital, Manaus. Conforme a atualização divulgada pelo governo estadual, eram 3.273 casos confirmados e 312 falecimentos em decorrência da doença. A prefeitura chegou a informar até 140 sepultamentos em um único dia nos cemitérios da capital.

“Acho que há um fator cultural. Meu secretário de obras anda pelas periferias e ouve as pessoas dizendo que a Covid-19 é doença de rico, que não vai pegar em pobre, no caboclo. Mas elas estão vendo as pessoas morrendo. Outro fator é a pregação do presidente Jair Bolsonaro contra essas medidas. Ele diz que precisamos salvar a economia, mas nunca vi salvar a economia com gente doente”, declarou Arthur em entrevista.

No último sábado (25), o governo enviou ofício ao Ministério da Saúde reforçando o pleito de abertura de hospitais de campanha em Manaus, a oferta de equipamentos e também de recursos humanos. O governo alega que tem encontrado dificuldade para contratar pessoas em unidades de saúde. No total, foram solicitados recursos para contratação de 60 médicos para atuação em UTIs, 20 médicos para realizar a coordenação nesses locais, 20 enfermeiros para UTIs e 80 fisioterapeutas.

Além disso, foram solicitadas a habilitação de leitos e autorização para gerir o hospital universitário Getúlio Vargas. O pleito já havia sido apresentado pelo governador Wilson Lima ao vice-presidente Hamilton Mourão no dia 20 de abril. No total, seis documentos com pedidos de apoio foram enviados ao Ministério da Saúde e à vice-presidência da República. Outra reivindicação é a liberação de respiradores adquiridos de uma fábrica brasileira e bloqueados por decisão do Ministério da Saúde.

Recursos

O governador Wilson Lima quer aplicar na saúde R$ 450 milhões referentes à parcelas devidas pela administração à bancos públicos, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, informou que solicitou ao novo secretário executivo do Ministério da Saúde, Eduardo Pazuello, tomógrafos (para visualizar manchas no pulmão), mais testes e equipamentos de proteção individual (EPIs) para profissionais da saúde.

Em uma videoconferência da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) realizada no último dia 29,  Neto afirmou que o isolamento social é um fracasso na cidade e que  o sistema de saúde entrou em colapso pelo crescimento de casos na capital. “Tínhamos 30 a 32 enterros por dia, que correspondiam a gripes sazonais. Temos nunca menos que 100, e chegamos a 140 ontem (28). É um quadro dramático. O sistema de saúde colapsou, pois suas capacidades de atendimento estão sendo muito rapidamente esgotadas. Então as respostas não são as que nós idealmente gostaríamos de oferecer”, declarou.

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