*Da Redação Dia a Dia Notícia
O ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto (PSDB) criticou o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) em entrevista neste domingo (22/05). Arthur afirmou que o deputado mineiro não quer que o partido tenha um candidato à Presidência da República porque desejaria “continuar sendo o líder do baixo clero” da Câmara.
O ex-senador amazonense disse que o colega de legenda gostaria de ser “uma espécie de Severino Cavalcanti de grife”, em referência ao falecido ex-presidente da Câmara Federal. O baixo clero do qual Arthur fala é um jargão da política usado para designar parlamentares com pouca expressão no Congresso, movido por interesses provincianos ou estaduais. Severino Cavalcanti foi alçado à presidência da casa por esse grupo em 2005, caindo poucos meses depois pelo escândalo do mensalinho.
Outro deputado que se tornou presidente da Câmara com apoio desse grupo foi o ex-deputado Eduardo Cunha, então membro do MDB do Rio de Janeiro. Cunha acabou cassado pouco tempo após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O presidente Jair Bolsonaro (PL) era parte desse grupo antes de se tornar chefe do executivo federal.
Divisão
Em entrevista ao colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, Arthur Neto afirmou que Aécio dividu o PSDB ao defender a candidatura do ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, mesmo depois de ele perder as prévias do partido para o ex-governador de São Paulo João Doria.
O ex-prefeito reconheceu a fragilidade da terceira via no momento, mas considerou que há espaço para o crescimento de uma vertente política que contraponha a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro. Arthur também ressaltou que é preciso respeitar o resultado das prévias do PSDB e que Doria não teve tempo de crescer por enfrentar oposição do próprio partido.
“O Doria não teve tempo para trabalhar em paz, sem perturbações permanentes. A expectativa do Doria era que o Rodrigo Garcia [vice de Doria em 2018] virasse um grande cabo eleitoral dele, e o que há hoje é ‘eu sou eu e ele é ele’. O partido se dividiu”, afirmou.
Apoios
Como candidato ao Senado Federal pelo Amazonas, Arthur destacou que apoiará o nome que o PSDB escolher para concorrer à presidência. No momento, há a disputa entre João Doria e a senadora Simone Tebet (MDB-MS), mais cotada para ser a candidata da trinca centrista MDB-PSDB-Cidadania.
Sobre um possível segundo turno entre Lula e Bolsonaro, Arthur não revelou quem apoiaria.
